Uma das respostas da pesquisa é a substituição parcial dos adubos químicos por orgânicos produzidos com resíduos orgânicos urbanos e industriais devidamente tratados
Sessenta e quatro por cento dos solos do planeta apresentam fragilidade e estão sob risco de degradação, o que pode comprometer a segurança alimentar global e agravar os impactos ambientais da atividade agrícola. O alerta consta de estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), que analisou dados de 20 mil pontos ao redor do mundo e classificou a resistência dos solos à erosão hídrica e à perda de carbono.
A pesquisa foi publicada na revista científica internacional The Innovation, com o título “High-resolution global mapping reveals 64 % of the world’s topsoil is sandy and prone to degradation” (“Mapeamento global de alta resolução revela que 64% do solo superficial do mundo é arenoso e propenso à degradação”). Foi coordenada pelo professor José Alexandre Demattê e teve participação de 50 cientistas de diversos países, além do Geocis (Grupo de Geotecnologias em Ciência do Solo), órgão da Esalq reconhecido internacionalmente na área.
Segundo o estudo, os solos mais frágeis são os que se encontram em áreas intensamente ocupadas pela agricultura, como regiões da Europa, Estados Unidos, China e Brasil. Dentre os principais fatores de risco estão o uso excessivo de fertilizantes químicos, a compactação por maquinário pesado e a erosão causada por práticas de manejo inadequadas.
No Brasil, o relatório apontou presença significativa de solos arenosos, predominando em estados como Mato Grosso, Maranhão e Pará, enquanto aparecem em menor proporção em estados do sul e sudeste, como São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Essas condições são influenciadas por condições climáticas e origem geológica dos solos, reforçando a necessidade de práticas sustentáveis para garantir produtividade e conservação das áreas mais frágeis.
Nesse contexto, cresce a importância de estratégias que tornem a agricultura mais resiliente e sustentável. Os fertilizantes orgânicos são uma das soluções mais promissoras. “É muito importante a ampliação do seu uso, pois, combinados aos minerais, podem contribuir para reduzir significativamente a aplicação destes últimos, em alguns casos, dependendo do histórico de uso dos orgânicos, chega a 50%, gerando ganhos ambientais e produtivos, além de melhorar a qualidade do solo”, destaca Oliveira.
Para ele, o reaproveitamento de resíduos urbanos e industriais na formulação desses insumos é uma via inteligente e estratégica. “O reaproveitamento de resíduos orgânicos urbanos e industriais como matéria-prima para fertilizantes promove a economia circular, reduz emissões de gases de efeito estufa e contribui para transformar passivos ambientais em ativos agronômicos e econômicos”, afirma.
A empresa que produz os fertilizantes da Tera Nutrição Vegetal é a Tera Ambiental. O seu trabalho é um exemplo prático de um modelo que alia inovação tecnológica e compromisso ecológico. Ao tratar resíduos como lodo de esgotos, lodo sanitário e efluentes industriais, que antes teriam como destino os aterros sanitários ou os incineradores, contribui para a redução da extração de novos recursos naturais e para o fechamento de ciclos produtivos.
Ao realizar esse processo, a empresa contribui para a gestão mais eficiente dos recursos hídricos. E, ao fazer a compostagem, colabora para o reaproveitamento de resíduos e reciclagem de nutrientes para o solo, por meio do fertilizante orgânico composto da Tera Nutrição Vegetal. Todo esse ciclo é um exemplo perfeito de economia circular.
Os fertilizantes orgânicos oferecem uma série de vantagens: melhoram a estrutura do solo, aumentam sua capacidade de retenção de água e nutrientes, estimulam a atividade de microrganismos benéficos e reduzem a dependência de adubos químicos. Além disso, contribuem para o aumento da biodiversidade do solo e tornam as plantas mais resistentes a doenças e pragas. “Temos tecnologia e conhecimento para transformar resíduos em ativos agronômicos, e isso pode ser um diferencial competitivo para o Brasil, sinalizando ao mundo que somos um país comprometido com a sustentabilidade”, avalia Fernando Carvalho Oliveira.
A adoção crescente desses insumos representa, portanto, uma mudança de paradigma: da agricultura apenas baseada em adubos químicos para uma abordagem ampla, com o uso combinado com os fertilizantes orgânicos, que valorizam o solo como um organismo vivo e essencial ao equilíbrio do planeta. “O uso consciente e combinado de fertilizantes orgânicos e químicos é um caminho para restaurar as terras, proteger o meio ambiente e assegurar a produtividade agrícola em um cenário de mudanças climáticas e pressão por alimentos”, conclui o responsável técnico da Tera Nutrição Vegetal.