O grupo de investimentos Brasilinvest, do empresário Mário Garnero, comprometeu-se em aportar US$ 500 milhões em um projeto de “supercana” idealizado pelo empresário Eike Batista, anunciaram executivos envolvidos no negócio nesta terça-feira, 25, em evento no Rio de Janeiro.
O projeto promete utilizar uma tecnologia de cruzamento genético de cana-de-açúcar, que permitiria a produção de até três vezes mais etanol por hectare e até 12 vezes mais bagaço por hectare, segundo esses executivos.
Com o aporte da Brasilinvest, que contou com recursos dos fundos Abu Dhabi Investment Group (ADIG), dos Emirados Árabes, e General Finance, dos Estados Unidos, a empresa que detém o projeto BRXe planeja desenvolver 70 mil hectares da “supercana” e três unidades de moagem de cana de 4 milhões de toneladas cada.
Pelo projeto, o empreendimento teria uma capacidade anual de produção de 1,08 bilhão de litros de etanol e 537,6 milhões de litros de combustível sustentável de aviação (SAF) em 2031.
O anúncio foi feito no restaurante Mr. Lam, de Eike Batista, no bairro carioca da Lagoa. O evento contou com uma apresentação de mais de 80 páginas do empresário, que não será sócio do empreendimento inicialmente, devido a problemas judiciais, mas terá direito a subscrição posterior sujeita a performance.
“Vocês imaginem produzir até três vezes mais etanol por hectare e até 12 vezes mais bagaço dependendo do terroir. O Brasil é muito grande, tem áreas mais e menos secas, mas a produtividade mínima já é espetacular”, afirmou Batista, que disse ter aportado “inteligência” no projeto.
Garnero anunciou o aporte no evento por meio de um vídeo gravado, uma vez que se recupera de problemas recentes de saúde.
A empresa BRXe, que receberá o aporte, hoje é detida por Luis Rubio e Sizuo Matsuoka, que vêm estudando novas variedades de cana há mais de uma década, segundo Rubio, presente no evento. Na transação, Garnero passará a deter 40% da empresa, enquanto o restante permanecerá nas mãos dos antigos sócios.
Projetos baseados em cana com maior teor de biomassa, visando mais a produção de etanol do que açúcar, eram vistos como mais promissores no passado, antes de o setor passar a focar mais no adoçante, que tem remunerado mais do que o biocombustível nos últimos anos.
Mas a ideia apresentada por Eike Batista busca aproveitar a matéria-prima para a produção de SAF, cuja demanda tem potencial de ser explosiva, se o setor aéreo levar adiante suas metas de descarbonização.
“A gente desenvolve o que a gente chama de supercana, que são variedades que têm proporcionalmente um pouco menos de açúcar, mas produzem muito mais biomassa por hectare, que é o que importa”, afirmou Rubio.
A BRXe, segundo Rubio, já investiu mais de R$ 350 milhões na supercana. O empresário destacou que, junto com Batista, a BRXe desenvolveu usos mais nobres para a biomassa, prevendo também a criação de fábricas de embalagens no Brasil e no exterior.
A ideia é que as instalações industriais para produzir os derivados de cana sejam estabelecidas no norte do estado do Rio de Janeiro, próximo ao Porto do Açu. A companhia ainda irá fechar contratos para uso das terras e, segundo Rubio, já há negociações em andamento.
Atualmente, a BRXe tem 53 funcionários e 200 hectares onde estão as plantações de cana nas cidades de Paraguaçu Paulista e Araras, em São Paulo. Rubio estima que a empresa comece a trazer mudas da supercana ao Rio de Janeiro ainda neste ano.
A BRXe também poderá investir em outro módulo de 70 mil hectares, com recursos que poderão ser levantados a partir do lançamento de um token na rede blockchain da Solana, cujas vendas iniciais começaram nesta terça-feira, 25.