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Guerra em Gaza impacta custos agrícolas da safra de cana 2023/24 no Brasil

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O agronegócio brasileiro monitora de perto os possíveis efeitos da guerra entre Israel e Hamas e as possibilidades do conflito se espalhar pelo Oriente Médio. Entre os principais motivos estão o risco de oferta de petróleo com consequente alta no preço da energia e valorização do gás natural.

No que diz respeito ao gás natural, os preços na Europa também reagiram à decisão do Ministério de Energia de Israel de solicitar à Chevron, uma das principais empresas globais do setor de energia, que interrompesse a produção no campo de gás localizado ao longo da costa de Israel, devido ao conflito com o Hamas.

O gás natural é matéria-prima fundamental para a produção de fertilizantes utilizados na agricultura brasileira, especialmente os nitrogenados. Além disso o Oriente Médio, inclusive Israel, são importantes fornecedores de fosfatados e potássicos.

Até o momento, apesar do conflito, os fertilizantes não sofreram grandes mudanças nos preços. Já no petróleo, a pressão recai no óleo diesel, um dos principais itens de formação de custos dentro das propriedades rurais, principalmente dentro desse período de plantio da safra verão e colheita da cana-de-açúcar.

Segundo dados levantados pelo Pecege Consultoria e Projetos sobre o primeiro trimestre da safra 2023/24, o valor realizado da operação de corte, transbordo e transporte (CTT) para as usinas da região Centro-Sul foi de R$ 41,63/t. Relembrando que na safra anterior houve impacto pelo aumento dos custos do diesel no valor levantado para o mesmo trimestre, o qual foi de R$ 46,90/t.

O mercado de energia “está aflito”. Os riscos de uma escalada da guerra para outros países do Oriente Médio são monitorados de perto, já que a região tem grandes produtores de petróleo e isso poderia repercutir globalmente em custos de combustíveis e fretes.

O questionamento que surge mediante os acontecimentos é sobre qual a magnitude possível dos impactos desse conflito. O preço dos insumos sofrerá tanto quanto vivenciamos durante o ápice do conflito no leste europeu?

De um lado, fazendo uma breve análise comparativa entre os conflitos no leste Europeu com os acontecimentos atuais na faixa de Gaza, observamos o seguinte: a guerra entre a Rússia e a Ucrânia envolvem dois players importantes no abastecimento global de grãos; a situação entre Israel e Hamas é bastante diferente, pois não são produtores de alimentos. São situações completamente distintas, sendo países consumidores de alimentos e populações relativamente pequenas. Vemos então dois cenários, fornecedores de grãos versus importadores de alimentos.

Outra diferença importante do novo conflito para com a guerra no Leste Europeu se dá pelo fato de haver menor dependência do mercado de fertilizantes para com Israel do que para com a Rússia e seu aliado Belarus, ambos sancionados no início do conflito, o que reduz o impacto de curto prazo sobre o custo dos insumos.

Dessa, forma, não é antecipado um aumento substancial nos preços agrícolas a curto prazo, ao menos no que tange a impactos sobre a oferta de alimentos. Apesar desse aspecto, a questão que merece atenção é a possível elevação nos custos de produção, o que, por sua vez, depende em grande parte da duração e da expansão do conflito em curso.

Uma eventual expansão do conflito para outros países do Oriente Médio inevitavelmente pressionariam o mercado de energia, levando a aumentos nos custos de combustíveis e fertilizantes nitrogenados. Ademais, teria impacto potencialmente elevado sobre fertilizantes fosfatados e potássicos, pois, no todo, a região é relevante para esses mercados.

O desenrolar desse cenário é especialmente crítico para o setor agropecuário, uma vez que ainda não dispomos de indicativos claros sobre seu potencial disseminação para países vizinhos. A incerteza persiste, e acompanhar essa evolução é crucial para se preparar para as mudanças que podem estar à vista.

* Pecege Projetos (Equipe de autores composta por Haroldo Torres, Peterson Santos, Rafaela Cota e Rosana Baraldi)

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