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Hidrogênio verde: Brasil será um dos maiores exportadores globais

(Foto:Rawpixel)
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A Alemanha vê no Brasil um supridor estratégico de hidrogênio verde, grande aposta para substituir petróleo, gás e carvão e cumprir metas climáticas. O país corre contra o tempo para superar a atual crise energética e cumprir suas ambições climáticas.

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, líderes das maiores economias do Mercosul e da União Europeia (UE), reuniram-se para discutir a agenda de transformação de suas economias, com foco na proteção da Amazônia, energias renováveis e no acordo comercial UE-Mercosul.

Conforme reportagem da Deutsche Welle, Scholz destacou o potencial brasileiro para o hidrogênio verde (H2V), combustível produzido a partir de energias renováveis e que desponta como a principal aposta das economias desenvolvidas para descarbonizar setores intensivos em CO2, como agricultura, transportes, indústrias e geração de energia.

“Vocês [o Brasil] têm muita experiência com energias renováveis e enormes potenciais também através da produção e da exportação de hidrogênio verde e seus respectivos produtos”, afirmou o chefe de governo alemão.

Um estudo publicado em janeiro deste ano pela consultoria alemã Roland Berger projeta que o hidrogênio verde será a principal fonte de energia do planeta, se o mundo cumprir os compromissos estabelecidos no Acordo de Paris. Nesse cenário, o mercado mundial de H2V deverá movimentar mais de US$ 1 trilhão em venda direta do combustível ou derivados.

De acordo com a consultoria alemã, o Brasil irá liderar essa corrida, transformando-se em um grande exportador global. A Roland Berger estima que o mercado brasileiro de H2V irá alcançar um valor anual de R$ 150 bilhões, dos quais R$ 100 bilhões serão provenientes das exportações.

Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês), o custo de produção por quilo do H2V a partir da eletrólise da água no mercado internacional, com utilização de fontes renováveis, é de entre US$ 3 e US$ 8. Já no Brasil, se considerado o emprego da energia gerada em usinas eólicas ou solares no processo de eletrólise, o custo estaria entre US$ 2,2 e US$ 5,2.

O baixo custo de produção do H2V no Brasil se justifica, sobretudo, pela abundância de fontes renováveis. Nivalde de Castro, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), lembra que o país tem capacidade de produzir 1,3 milhão de megawatts (MW) a partir de geração eólica e solar. Em expansão, as fontes renováveis geram menos de 200 mil MW atualmente.

“O Brasil tem tudo para ser a Arábia Saudita do hidrogênio a partir de 2030”, afirma o economista, em alusão ao peso do país árabe na produção petrolífera. “O desafio é transformar o potencial em realidade”, ressalva.

Ainda que o Brasil reúna condições muito favoráveis para se tornar um grande produtor global de hidrogênio verde, terá que partilhar esse mercado. Mesmo assim, a diretora de relações institucionais da Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), Monica Saraiva Panik, explicou em reportagem para a Deutsche Welle, que a concorrência com outros países, como Austrália e Marrocos, ajuda a reduzir os custos de produção do H2V globalmente, o que beneficiaria todos os países produtores – inclusive o Brasil.

“O mercado de óleo e gás sempre foi caracterizado por uma produção muito concentrada em poucos países, o que é negativo, como se observa agora na dependência alemã do gás russo. O cenário para o H2V é de uma diversificação muito maior. Os projetos em desenvolvimento no Brasil projetam o país em uma posição de grande destaque”, afirmou Panik.

Alemanha quer ser vanguarda

A Alemanha vai dar o pontapé inicial na economia do hidrogênio verde. Amanhã,  7 de fevereiro, acontece o primeiro leilão da política H2Global, que prevê incentivos a importações do combustível, identificado como substituto estratégico do petróleo, gás e carvão para obtenção de energia limpa. A primeira licitação será para contratos de amônia verde, produto derivado do H2V.

No dia 21, conforme a Deutsche Welle divulgou, uma nova rodada deverá ser realizada para contratação de combustível sustentável de aviação e metanol, também oriundos do H2V. Com a iniciativa, o país europeu age para retomar a vanguarda do processo de transição energética e, sobretudo, driblar a sua dependência do petróleo e gás russos.

“Por estar exposta à questão crucial da segurança energética e ter lançado o primeiro edital de compra de insumos verdes do H2V em contratos de dez anos, a Alemanha tem uma posição de liderança”, afirmou o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) à Deutsche Welle.

Programa de Hidrogênio foi lançado em 2021

O Ministério de Minas e Energia (MME) lançou em julho de 2021, o Programa Nacional de Hidrogênio (PNH2), cujas diretrizes têm como um dos eixos temáticos a cooperação internacional. Ao longo daquele ano, o MME e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão responsável pela produção de estudos que visam dar suporte ao planejamento energético nacional, participaram de diversas iniciativas de cooperação técnica com a Alemanha para desenvolver o mercado de H2V.

As duas principais iniciativas consistiram no programa H2 Brasil (German-Brazilian Power-to-X Partnership Program) e a força-tarefa de produção, logística e aplicação do H2V. Enquanto o primeiro destinou 34 milhões de euros para fomentar o desenvolvimento de uma economia verde de hidrogênio no Brasil, o segundo reuniu empresas e instituições com experiência em projetos relacionados a H2V para promover estudos e diálogo político entre Brasil e Alemanha.

A partir dos esforços de cooperação entre os dois países, o Ministério de Minas e Energia produziu o relatório Mapeamento do Setor de Hidrogênio Brasileiro – Panorama Atual e Potenciais para o Hidrogênio Verde. A conclusão do estudo é que o Brasil deve consolidar uma estratégia nacional para o hidrogênio, contendo um plano de ação concreto para não perder a oportunidade de desenvolvimento econômico sustentável.

“O aprofundamento do arcabouço técnico, regulatório e tecnológico é imprescindível para a criação de um ambiente de negócios favorável”, aponta o texto, que, após realizar um mapeamento da indústria junto aos principais atores acadêmicos e institucionais, identificou uma percepção de atraso do país em relação ao H2V.

Com informações da Deutsche Welle
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