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Índia alcança marco em energia limpa, mas carvão segue dominando

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Na Índia, as fontes renováveis representam agora, anos antes do previsto, a metade da capacidade energética instalada, mas o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa segue dependendo em grande medida do carbono para a geração de eletricidade.

“Um marco no caminho da transição energética da Índia”, disse o ministro de Energias Renováveis, Pralhad Joshi, depois que o país mais populoso do mundo publicou seus números em julho.

Ele celebrou que a meta foi alcançada “cinco anos antes” do previsto, em referência ao objetivo de 2030, firmado em virtude do Acordo de Paris. Além disso, a nação do sul da Ásia considera que deu um passo a mais na meta declarada de emissões zero até 2070.

Embora o marco de 50% seja significativo, a especialista em clima Avantika Goswami afirma que esses dados, que se referem exclusivamente à produção potencial de energia, contam apenas uma parte da história.

“Em geral, a geração real a partir de fontes renováveis segue sendo bastante baixa”, explicou Goswami à AFP no Centro para a Ciência e Meio Ambiente (CSE), com sede em Nova Délhi. A razão é clara: quase 75% da eletricidade ainda procede de centrais alimentadas com carvão, muito poluentes.

O paradoxo carbonífero

O desafio se torna ainda mais evidente quando se examina a contínua dependência da Índia em relação ao carvão.

Longe de reduzir seu uso, o segundo maior consumidor mundial desse combustível fóssil poluente aumentou sua produção em 5% no ano passado, até alcançar as 1 bilhão de toneladas, segundo o Ministério do Carvão indiano.

O país enfrenta um problema com sua capacidade de armazenamento, que não acompanha o ritmo de crescimento das fontes renováveis.

“O setor do carvão segue sendo um contribuinte crucial para a matriz energética da Índia, já que proporciona mais de 74% da eletricidade do país e sustenta indústrias importantes como a do aço e do cimento”, afirmou o Ministério.

Essa dependência coloca a Índia em uma posição mundial complexa, atrás da China e dos Estados Unidos quanto a emissões totais de carbono. No entanto, analistas apontam que, em um país com 1,4 bilhão de habitantes, as emissões per capita são apenas um terço da média mundial, segundo números oficiais.

“Se observarmos as emissões per capita da Índia e os esforços que ela está realizando, podemos dizer que o país está indo muito bem”, afirmou o ativista Harjeet Singh, diretor da Fundação Climática Satat Sampada.

Problemas de armazenamento

A Índia estabeleceu a ambiciosa meta de reduzir as emissões em 45% até 2030. Ao mesmo tempo, prevê-se que suas necessidades de eletricidade mais que dobrem até 2047, segundo o CSE.

Até agora, metade dos 484,8 gigawatts (GW) de capacidade instalada no país vem de fontes limpas. A maior parte provém da energia solar, com um total de 119 GW, o terceiro maior nível do mundo.

No entanto, essa energia e a eólica só são geradas de forma constante quando as condições são adequadas, e a capacidade de armazenamento na Índia é de apenas 505 MWh, muito inferior ao que poderia alcançar.

Além disso, a construção de sistemas de reserva baseados em baterias exige terras raras, cuja oferta mundial é controlada em 70% pela China, rival e vizinho com quem a Índia iniciou recentes negociações.

Uma solução que a Índia considera são os projetos de armazenamento de energia por meio de bombas hidráulicas.

Agência France Press

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