Na Brazil Emirates Conference, evento promovido pelo LIDE diretamente de Dubai, nesta segunda-feira (14), a ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, defendeu uma postura mais ousada e estratégica do Brasil frente à crise climática. “O Brasil precisa trazer o futuro para o presente”, afirmou, ao abordar os desafios de uma transição climática justa, realista e ancorada em decisões estruturais de longo prazo.
Co-presidente do International Resource Panel da ONU e presidente mundial de Sustentabilidade da Ambipar, Izabella destacou que a transição energética não pode ser dissociada da segurança energética e da nova ordem geopolítica global. “82% da matriz energética mundial ainda depende de combustíveis fósseis”, alertou. “Não se trata apenas de trocar fontes de energia, mas de entender o contexto de risco climático, pressão por inovação e crescimento populacional.”
A especialista criticou abordagens que excluem setores estratégicos da discussão climática. “É preciso mudar a lógica do jogo com todos os atores e adultos na sala, e não excluindo os atores da sala”, afirmou, em referência à indústria de óleo e gás, que considera parte essencial da equação para acelerar a transição.
Izabella também chamou atenção para o paradoxo da infraestrutura brasileira: “O Brasil é o sétimo país do mundo em consumo de diesel e usa caminhão a diesel para transportar gasolina. Nós desperdiçamos tremendamente por uma questão de infraestrutura.” Ela defendeu a eletrificação da mobilidade e investimentos em logística mais eficientes e sustentáveis.
A fala reforçou ainda a necessidade de sinergia entre setores — energia, mineração, meio ambiente e finanças — e o papel do setor privado na transformação. “Não há como investir sem entender a visão dos países, suas ambições, alianças e parcerias.”
Com a COP30 se aproximando e marcada para acontecer no Brasil, Izabella Teixeira vê o país diante de uma oportunidade histórica: liderar a agenda climática global com pragmatismo, tecnologia e cooperação internacional. “A questão climática é uma agenda de desenvolvimento — e isso exige visão de longo prazo, escolhas estratégicas e novos caminhos de cooperar.”