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Na Bioenergética Aroeira, uma trilha tech para trazer R$ 100 milhões em três anos

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Uma das caçulas do segmento sucroenergético no país, companhia mineira abre suas portas para agtechs e novas tecnologias, para melhorar produção e conquistar seu espaço em um mercado de gigantes

Situada em Tupaciguara (MG), a Bioenergética Aroeira é jovem, mas ambiciosa. Apesar de fundada há apenas 16 anos como uma destilaria, sua produtividade tem aumentado em uma forte escala. De 2020 para cá, a moagem da Aroeira saltou de 2,6 milhões de toneladas de cana para uma estimativa de 4 milhões de toneladas neste ano. No mix de produção, há uma previsão de 100 milhões de litros de etanol anidro e 350 mil toneladas de açúcar.

Agora, a companhia vira seus olhos para o futuro e tenta achar seu espaço em meio aos gigantes consolidados. Mas como se diferenciar? Se posicionando como um case de inovação tecnológica no setor sucroenergético – que será presentado no Rural Investor Day, promovido pela empresa de venture capital Rural Ventures, na próxima quarta-feira, 4, no Cubo Itaú, em São Paulo.

Com uma trilha tech iniciada há alguns anos, a grande virada da companhia que possui como sócios os grupos Saci e Perplan se deu este ano, com a contratação de Denis Oliveira para o cargo de CIO (diretor de tecnologia da informação) e a conexão de tecnologias disruptivas e uma maior aproximação das startups e hubs de inovação. O executivo iniciou sua trajetória no setor na Suzano, onde ficou por sete anos, e depois na Raízen, último emprego antes da Aroeira.

Na primeira, ele foi responsável por trazer a inovação e conexões com startups para dentro de casa e, segundo ele, “desbravando o mundo de IA e blockchain”. Na Raízen, atuou como gerente de TI com o mesmo espírito, aproximando o negócio da tecnologia dentro de uma jornada de inovação. “Sou uma pessoa sem background de TI na área de TI, trazendo um olhar de negócios. Minha ideia sempre foi conectar atividades com pessoas e resultados da companhia, conectando a tecnologia com os objetivos de médio e longo prazo”, afirmou.

Na Aroeira, ele lidera agora uma agenda de três anos. A meta da companhia sucroenergética é que até o final da safra 2026/27, as inovações tecnológicas tragam R$ 100 milhões em ganhos, seja em eficiência operacional ou em novos modelos de negócios. Essa estratégia tem alguns pilares, segundo Oliveira. Além de melhorar as soluções de conectividade no campo, a companhia quer trazer conceitos de inovação aberta para o negócio.

Parte desse crescimento também passa por parcerias estratégicas com startups, aceleradoras e hubs de inovação. Até agora, a empresa já faz seu monitoramento de queimadas com a agtech umgrauemeio. Além disso, a empresa está em negociações para resolver sua conectividade com a Solis.

Os próximos passos envolvendo startups devem englobar pesquisas de solo e mapeamento via drones para ter uma visão em tempo real dos mais de 30 mil hectares plantados que abastecem a usina. “Queremos ser uma ponte entre as startups e os resultados reais, traduzindo inovação em números”, completa.

Para estreitar essa relação com startups, Oliveira aposta na participação no Rural Investor Day, em que debaterá com José Américo Basso Amaral, da Jotabasso, e Fabio de Rezende Barbosa, da NovAmérica, no painel “Cenário e tendências na adoção de tecnologia para o agronegócio”, moderado pela editora executiva do AgFeed, Alessandra Mello.

“Estamos abrindo nossas portas. Nossa participação servirá justamente para mostrar que somos uma empresa aberta a novos tipos de inovação. Esse é um dos pilares que vai nos ajudar a dar os saltos que precisamos”, relata.

Dentro da Aroeira, a ideia é modernizar primeiro os processos internos no chamado ERP (Enterprise Resource Planning, em inglês), que nada mais é do que um sistema de gestão integrado que permite acesso fácil aos dados de uma empresa. A proposta é que o novo ERP seja “robusto e voltado ao futuro”. “Estamos deixando de olhar o retrovisor para focar no horizonte”, afirma o CIO.

Além da integração das startups ao dia a dia, o processo tecnológico envolve a capacitação de toda a empresa, desde os funcionários do campo até os diretores C-level. “Não basta ter dados, é preciso preparar as pessoas para interpretá-los e utilizá-los”, completa.

Essa transformação acontece em um momento de renovação interna também de pessoal. De 2021 pra cá, a empresa passou de um quadro de 959 funcionários para um patamar atual de 1,5 mil.

Essa visão de modernização também é encontrada em áreas financeiras do negócio. Fugindo do financiamento de bancos tradicionais, a companhia emitiu em 2020 um CRA verde de R$ 150 milhões. Em 2022, captou R$ 145 milhões com o BNDES.

Além do aumento de moagem, a companhia passou a produzir também biometano em sua planta de Tupaciguara, em uma parceria com a Vibra. Primeira planta do tipo no estado, deve atingir em breve uma produção de 30 mil metros cúbicos de gás por dia. A perspectiva é atingir 16 milhões de metros cúbicos anuais, o que demandaria cerca de R$ 120 milhões, segundo informações veiculadas na época do anúncio, em agosto de 2022.

Com informações da AgFeed / Gustavo Lustosa

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