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Opinião

O moderno Agro brasileiro

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As cadeias produtivas do agro paulista se mobilizam para atender às determinações do Governo do Estado de São Paulo e continuar produzindo e escoando a produção para garantir o abastecimento de alimentos a população.

*Por: Arnaldo Jardim

O Agro foi o único setor com resultado positivo no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, quando a economia levou o tombo histórico de 9,7% em relação à primeira parte do ano. Enquanto os setores de indústria e de serviços tiveram, respectivamente, quedas de 12,3% e 9,7% no período, a agropecuária saiu ilesa, com alta de 0,4%, puxada, principalmente, pela produção de soja e café.

Pela metodologia de cálculo do IBGE, indústria e serviços representam 95% do PIB nacional, ante 5% da agropecuária. O peso da cadeia inteira na economia, porém, é bem maior do que isso, e pode chegar a 27% do PIB brasileiro neste ano, num cenário otimista para o setor, ante 21,4% em 2019, estima o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

A produção brasileira de grãos deverá aumentar 27% na próxima década, a partir de um incremento de 16% da área plantada e de ganhos de produtividade. É o que aponta um estudo do Ministério da Agricultura com projeções para o agronegócio até 2030. O levantamento também prevê aumentos de 16% na produção de carne bovina, de 27% na de carne suína e de 28% na de carne de frango, e avanço das exportações das principais cadeias produtivas do campo.

O relatório ressalta que o cenário para a agropecuária brasileira é positivo sobretudo depois que, mesmo nesses tempos de pandemia, a safra de grãos e a produção e distribuição das proteínas foram pouco afetadas – embora algumas cadeias, como a de hortifrútis, tenham sido bastante prejudicadas.

Nada disso é novidade para quem conhece de perto a força do agro que tanto nos orgulha. A novidade é que temos definitivamente a chance de mostrar ao mundo que todos estes números são alcançados de forma ambientalmente responsável. O pós-pandemia exige e o Brasil tem todas as condições de ser campeão de produção e preservação ao mesmo tempo.

Já colhemos dados que merecem ser celebrados como o aumento de 4,9% na cobertura de vegetação nativa no Estado de São Paulo. E não custa reforçar, utilizamos para sermos este grande destaque mundial de produção agrícola apenas 9% da área do território nacional.

Eu tenho convicção não só do nosso potencial de produzir, mas tenho absoluta certeza de que produzimos com sustentabilidade. Os fatos devem ser repetidos: temos um grau de reserva de cobertura vegetal nativa inigualável, a matriz energética mais limpa do mundo, uma matriz de combustíveis absolutamente diferenciada. Além de iniciativas como o plantio direto, sendo que temos no Brasil a maior área do mundo neste sentido, com 32 milhões de hectares somente no cultivo de grãos.

Lembro ainda do aumento do uso de fatores biológicos na produção. O Ministério da Agricultura lançou o Programa Nacional de Bioinsumos, que tem por objetivo incentivar a pesquisa, a produção e a maior utilização de recursos biológicos como defensivos, fertilizantes e medicamentos animais no campo brasileiro. Com o programa, o Ministério projeta ampliação de 13% na área plantada com a ajuda de insumos biológicos nos próximos anos.

Temos além disso a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que já responde hoje por cerca de 15% da área plantada no País e alcança 11,5 milhões de hectares – considerando o aumento de 10 milhões de hectares somente de 2008 a 2018. Além da gestão de resíduos, quer seja com a ação do Campo Limpo, quer seja com a política de descarte dos dejetos que vêm da atividade pecuária.

O Brasil tem uma legislação ambiental que é extensiva e detalhada. Ainda nos falta uma legislação de estímulo e de prestigio às boas práticas. Como relator do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), já aprovado na Câmara e aguardando apreciação do Senado, destaco que é o primeiro mecanismo para induzir comportamentos, premiar boas práticas. Nossa legislação precisa ser complementada neste sentido com pontos como a taxação de carbono, por exemplo.

Nós podemos liderar essa nova economia. A economia da bioenergia, da bioeletricidade, dos biocombustíveis, a economia de baixo carbono. Ninguém no mundo tem as condições que temos aqui no Brasil para fazermos isso de uma forma exemplar.

Definimos no mês passado a taxação dos CBios, a moeda do RenovaBio, após grande mobilização que envolveu entidades do setor de biocombustíveis. É a garantia da implantação efetiva da nossa política nacional de descarbonização – onde o agro como fornecedor de matéria-prima sustentável é um dos principais atores.

Tenho a satisfação de como vice-presidente da Região Sudeste integrar a direção da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que não só defende os produtores, mas tem uma visão de País. Defende as reformas estruturais, propõe um avanço no setor de infraestrutura e logística e foi, ao lado do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), protagonista da reformulação de todo o sistema de financiamento para o setor, que deve avançar ainda mais.

O agro sempre foi destaque no mundo todo e agora, com o pós-pandemia, pode assumir um papel ainda mais importante. Fornecer alimentos de qualidade, com sustentabilidade, garantindo uma economia mais conectada ao espírito dos novos tempos e com a força de sempre!

*Por: Arnaldo Jardim, deputado federal (Cidadania-SP), coordenador da Frente pela Economia Verde e vice-presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária)

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