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Bioenergia

O uso do Nitrato de Amônio no setor sucroenergético

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Relacionamento salgado, por: Paulo Melo Segundo

Tudo na vida tem tempero. Bom ou ruim, vai sempre ter. O sal é o tempero universal (esqueça o Edir Macedo), que manda e desmanda na gastronomia… e na agricultura!

A adubação que alimenta a planta é à base de sal, sabia? Mas não o famoso cloreto de sódio (NaCl), vulgarmente conhecido como sal de cozinha. Mas sim o Nitrogênio, o Fósforo e o Potássio, que quimicamente são sais (eu não faltei nessa aula de química). Sem contar outros tantos, que devem ser sempre ofertados em equilíbrio.

E o senhor do momento é o “bombástico” Nitrato de Amônio, que não se trata de um demônio (rimou sem querer), mesmo após a tragédia no porto libanês. Ele é um sal inorgânico (de origem em reações químicas de outros compostos), bem alvinho (sinônimo de “bem branco”, não que está com vinho) e cinza ou marrom quando impuro.

Nitrato de amônio é fonte de fórmulas de adubo, sendo a base do nitrogênio que a planta precisa, fazendo parte na sigla NPK (tipo um espinafre do Popeye), porém pouco usado no Brasil, tendo a ureia como principal fonte.

Brasil importa cerca de 1 milhão de toneladas de nitrato de amônio por ano

De ureia, a industria açucareira conhece bastante, pois a base dos adubos usados em usinas e fornecedores é desse elemento, mais fácil de encontrar e mais difundido. O NH4NO3 fornece 2 tipos de nitrogênio: a nítrica e a amoniacal.

A segunda, a planta sofre pra absorver porque como tem carga positiva, se liga a argila do solo (coloides), que tem carga negativa, assim, formando um “relacionamento” de dar inveja a qualquer começo de namoro, ficando indisponíveis para uma, digamos, chavecada da raiz em acabar o relacionamento e “ficar” com o rico sal inorgânico.

Já com a forma nítrica não ocorre esse casamento de cinema. A partícula nitrogenada fica solteira o tempo todo, mas é festeira e pode “ir embora” com a chuva, em processos chamados de lixiviação (nada com lixa de avião), escorrendo superficialmente ou percolação, infiltrando-se para as profundezas da mãe Terra.

Devido ao seu “temperamento explosivo”, sua chegada nos portos (quase tudo é importado da Rússia, China, Marrocos, Canadá e Israel) é fiscalizada pelo exército, assim como autorização, armazenamento, transporte em processos rígidos e seguros, com participação do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Após o processamento, onde vira adubo químico, é que o MAPA entra na fiscalização. Mas, calma, o efeito do repolho nos gases quentes que saem do nosso escapamento não tem nada com o químico que estamos falando e não tem nenhum agricultor montando bomba e conspirando. A concentração nos adubos chega ao máximo de 20%, tornando seu armazenamento e uso seguros.

A tragédia foi um ato isolado, provavelmente por negligência e falta de fiscalização forte e coerente com seu perigo. Então, não deixe seu canavial de lado e adube com carinho.

Curiosidade: Quando está com sua libido alta, ou seja, excitado, libera óxido nitroso, o famoso gás do riso. Mas, dessa situação ninguém está a gargalhar. Que Deus proteja a terra de seu Chalita (de entre Tapas & Beijos)!

Por: Paulo Melo Segundo, engenheiro agrônomo, fiscal Estadual Agropecuário – ADAPI e escritor agrodivertido

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