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Açúcar

[Opinião] Açúcar: Estreitando os limites

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O mercado futuro de açúcar em NY encerrou a sexta-feira com o contrato para vencimento em outubro/23 a 23.51 centavos de dólar por libra-peso, ganhando 72 pontos na semana (16 dólares por tonelada), mesmo acréscimo do vencimento seguinte. Os vencimentos mais distantes fecharam em queda de até 8 dólares por tonelada. O repique do gato morto comentado na semana passada foi mais vigoroso do que poder-se-ia supor. O que ocorreu?

Depois de uma queda vertiginosa no preço do açúcar em NY, os consumidores industriais aceleraram suas fixações dando razoável suporte ao mercado futuro. Acabaram agindo como contraponto aos fundos que liquidaram suas posições compradas em pouco mais de 21,000 contratos no período que abrange a terça-feira dia 27 de junho até segunda-feira dia 3 de julho.

Da mesma forma que os consumidores industriais deram sustentação ao mercado por conta da fixação de sua matéria-prima, após o arrependimento de verem os preços decolarem enquanto olhavam inertes para a tela, assim deverão se comportar aqueles que desperdiçaram a chance de fixar suas vendas enquanto o mercado negociava nas alturas e não vão arriscar-se a perder a chance novamente. O mercado de açúcar tende, portanto, a ficar no curto prazo em um intervalo de preços mais restrito entre o suporte dos consumidores e a resistência dos vendedores (usinas).

Parafraseando o grande ministro Roberto Campos, usinas e consumidores “nunca perdem uma oportunidade de perder oportunidades”. Os primeiros fixam suas vendas na baixa e os outros fixam suas compras na alta.

Há quem acredite ainda na recuperação dos preços do açúcar objetivando a recente alta do mercado de 27.41 centavos de dólar por libra-peso no final de abril. Tudo pode acontecer, mas o que poderia trazer elementos concretos para essa recuperação, parece se esvair. O El Niño, por exemplo, está bem mais modesto do que se imaginava inicialmente. Mas, por outro lado, a China entrando no mercado na recente baixa, parece ter sinalizado que ao redor de 22.00-23.00 centavos de dólar por libra-peso todos ficam satisfeitos.

Com o verão no hemisfério norte, o volume de negócios na bolsa de NY cai pelo menos 20% em relação à média anual, tendo chegado até a 30% há dois anos. Portanto, podemos assistir a uma queda nas oscilações do mercado com NY ficando restrito a um intervalo de preços bem aborrecido. O que pode tirar o mercado dessa possível letargia que julho/agosto invariavelmente nos reserva seria o recrudescimento das previsões meteorológicas.

No acumulado do ano, o açúcar ainda apresenta um ganho de 17.32%, enquanto diesel, petróleo e gás natural caíram 22%, 9% e 43%, respectivamente. Há alguns anos vimos os fundos migrarem do açúcar para o petróleo, embolsando o lucro que fizeram no primeiro e apostando numa recuperação do segundo. Entendo que isso vai se repetir esse ano: Índia crescendo 6.5%, grande consumidora de petróleo e importando 82% de suas necessidades, melhora das economias quando nos aproximarmos do final do ano e consequentemente do consumo.

A queda do hidratado foi exagerada assim como a alta do açúcar também. Acreditamos que o mercado volte para o equilíbrio na entressafra do Centro-Sul negociando no máximo a 400 pontos de desconto em relação ao açúcar. Parece haver uma janela de oportunidades no horizonte.

*Arnaldo Luiz Corrêa é analista de Mercado e diretor da Archer Consulting

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