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[Opinião] Centro-Sul tem início de safra forte e mix de açúcar robusto

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O clima na região Centro-Sul continua seco, com níveis de precipitação extremamente baixos nas principais áreas produtoras desde meados de abril. Isso contribuiu para o forte início da safra 2024/25, impulsionado pelo açúcar contratado e pela necessidade de entrega.

A moagem de cana aumentou 43,41% em abril em comparação com a temporada 2023/24. A produção de açúcar também aumentou durante o mês, atingindo 2,56 milhões de toneladas, acima das 1,54 milhões de toneladas anteriores.

É interessante notar que, comparando esses resultados com a temporada 2020/21, que teve padrões de precipitação semelhantes, os volumes de cana e açúcar foram maiores em 2020/21 do que em 2024/25 até o momento, assim como o Açúcar Total Recuperável (ATR). No entanto, uma tendência notável na atual temporada é o mix de açúcar recorde alcançado, apesar do ATR mais baixo.

 

No entanto, o aumento do índice pode ser limitado pelo clima mais seco, já que a qualidade da cana, principalmente do final da temporada, pode se deteriorar. Além disso, apesar dos recentes investimentos no processo de cristalização, as novas instalações podem não estar totalmente operacionais nos próximos meses.

Portanto, revisamos nossas expectativas de mix de açúcar de 52% para 51,8%. Isso ainda representa um aumento de quase três pontos percentuais em relação aos números de 2023/24.

A região Centro Sul ainda deve produzir mais de 41 milhões de toneladas durante a temporada 2024/25, o segundo melhor resultado de sua história. Essa expectativa contribuiu para a forte correção de preços do açúcar bruto na semana passada, culminando no fechamento mais baixo em mais de um ano, em 18,1 centavos de dólar por libra-peso.

Outros fatores reforçaram a tendência de baixa. No Brasil, o governo substituiu o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, por Magda Chambriard, ex-diretora da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o órgão regulador brasileiro de petróleo e gás.

Um membro da nova administração declarou que a Petrobras não pretende repassar os custos de importação aos consumidores, mesmo com o petróleo cotado a US$ 80 por barril, provocando uma queda significativa nas ações da Petrobras. Para o mercado de açúcar, isso indica que é ainda menos provável que o etanol represente uma ameaça competitiva.

 

Também do lado baixista, a Associação de Açúcar da China informou que a eficiência do plantio aumentou. Isso proporciona uma vantagem sobre outras culturas e leva a um crescimento esperado da área de plantio na temporada 2024/25, especialmente nas regiões produtoras de beterraba.

Consequentemente, projeta-se que a produção de açúcar seja maior na próxima temporada, atualmente estimada em 11 milhões de toneladas, o que pode resultar na redução de sua participação no comércio internacional em 2025.

Com menos de 200 mil toneladas de açúcar nomeadas do Brasil para a China, o país asiático pode até parecer confortável com o que importou até o momento. No entanto, fontes locais reportaram que o país comprou cerca de 350 mil toneladas com a queda dos preços da semana passada. Assim, ainda podemos esperar que sua sazonalidade seja semelhante à do ano passado, já que este volume levaria cerca de 45 dias para chegar ao país depois de embarcados (do Brasil).

Adicionalmente, a arbitragem de importação chinesa tem oferecido menos suporte no curto prazo, já que os preços tiveram que se aproximar de 18 centavos de dólar por libra-peso para desencadear compras. Atualmente, considerando apenas o valor na Zhengzhou Commodity Exchange (ZCE) sem prêmios, a arbitragem para as importações brasileiras está fechada e orbita em 17,5 centavos de dólar por libra-peso.

Combinando esses fatores com a expectativa de monções acima da média na Índia e a perspectiva de um desenvolvimento saudável da cana em outros países do Hemisfério Norte para a safra 2024/25, o preço do açúcar em 2024 não parece ter muitos motivos para subir. Talvez estejamos entrando em uma nova faixa de 17,5 a 19,5 centavos de dólar por libra-peso, em vez dos 20 a 22 centavos de dólar por libra-peso anteriores.

Enquanto isso, os riscos de alta são mais de longo prazo. Com o La Niña se aproximando, um evento forte poderia prejudicar o desenvolvimento da cana para a safra 2025/26 na região Centro-Sul. Isso pode aumentar os preços se o mercado começar a precificar a possível escassez de oferta em 2025.

 

*Lívea Coda é coordenadora de inteligência de mercado na Hedgepoint Global Markets 

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