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[Opinião] Clima, Índia e China movimentam mercado global de açúcar

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O mercado de açúcar foi marcado por uma leve recuperação dos preços do adoçante bruto na última semana, depois que os negociadores perceberam que o governo indiano está mais inclinado a retomar o programa de etanol do que a permitir qualquer exportação. Essa noção está apoiada na informação de que a Índia está, de fato, considerando um desvio adicional de 800 mil toneladas de açúcar ainda em 2023/24.

Como resultado, não deve haver nenhuma disponibilidade adicional ao fluxo comercial vindo do país, ao mesmo tempo em que os estoques possivelmente terminarão o ano em um nível um pouco mais baixo, mas ainda superior ao das últimas duas temporadas. Em nossa opinião, o desvio de 800 mil toneladas a mais para o açúcar garantiria cerca de 31,1 milhões de toneladas do adoçante e, portanto, um estoque final de quase 6 milhões de toneladas.

 

É preciso lembrar que o movimento de preços observado por causa desses rumores não significou nenhuma mudança nos fundamentos, pois é apenas uma discussão sobre onde colocar essa disponibilidade “extra”.

A discussão também não altera o otimismo com relação à safra 2024/25 do país. Apesar de um possível desvio de 800 mil toneladas para o etanol e de estoques ligeiramente menores do que os projetados anteriormente, as condições climáticas mais típicas favorecem uma perspectiva de baixa.

A expectativa é que a Índia tenha uma monção “normal” este ano, de acordo com a previsão meteorológica realizada pela agência privada Skymet e compartilhada na última terça-feira, 16. Essa previsão nos permite esperar uma melhora na produtividade após um 2023 desafiador.

 

Em 2023, a Índia recebeu precipitações dispersas e abaixo do normal, que afetaram negativamente a produtividade agrícola em várias regiões. De acordo com a agência, espera-se que as chuvas sejam 102% da média durante a principal janela de desenvolvimento da cana: junho e setembro. Portanto, a Índia pode voltar ao jogo das exportações.

Mas uma nota de cautela: antes de exportar qualquer volume, é muito provável que o país retome totalmente o programa de etanol, desviando cerca de 5,5 milhões de toneladas de açúcar para a produção de biocombustível. Isso permitiria que a Índia contribuísse com até 1,2 milhões de toneladas ao fluxo de comércio internacional em 2024/25 – supondo que a produtividade retorne à média de três anos.

Ainda sobre o clima, as principais áreas produtoras de açúcar do Brasil, que receberam precipitação mínima de dezembro a fevereiro, estão se recuperando da seca. Muitas voltaram à faixa histórica e outras se aproximaram de níveis médios. Embora isso não apague os danos causados durante o período de entressafra, a cana do meio e final da safra se beneficia deste clima. Isso significa que o Brasil também adiciona à tendência de baixa.

Além disso, a temporada 23/24 do Brasil está oficialmente encerrada. Foi uma safra recorde, com uma moagem de 654,4 milhões de toneladas de cana, gerando 42,4 milhões de toneladas de açúcar graças a um mix de açúcar mais alto, de 48,87%.

O Centro-Sul provou ser um participante essencial do mercado global, com uma capacidade crescente devido a mais investimentos no setor. No âmbito das exportações, foram embarcadas 34,3 milhões de toneladas em 23/24, segundo a Secex, facilitando os fluxos comerciais e evitando que os preços disparassem. Com o Centro-Sul estabelecido como um dos fornecedores mais relevantes, todos os olhos estão voltados para a safra 2024/25 da região.

 

Em relação à demanda, os preços atingiram 20,5 centavos de dólar por libra-peso. Em teoria, isso significa que as regiões não produtoras da China se sentiram à vontade para comprar açúcar. No entanto, a produção do adoçante está avançando bem no país, já 10% maior em relação ao ano anterior, com aproximadamente 9,6 milhões de toneladas.

Portanto, pode-se esperar que, com maior disponibilidade doméstica, o prêmio local seja menor e a paridade de importação não tenha a mesma força. Para entender se essa tendência é verdadeira, precisamos aguardar e analisar as importações de abril e maio.

 

* Lívea Coda é coordenadora de inteligência de mercado na hEDGEpoint Global Markets

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