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Opinião: Raízen: do doce da cana ao amargor do melado queimado… ação a R$ 1,00 depois do chega pra lá da Petrobras

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Gente do céu , quem acompanha a lida do campo sabe: lavoura mal planejada dá prejuízo. Pois no mundo corporativo não é diferente. A Raízen, que já foi tratada como joia do agronegócio e promessa da transição energética, anda tropeçando feio — e o mercado não perdoa.

Na semana passada, bastou a Petrobras insinuar que poderia entrar no etanol para as ações da Raízen dispararem mais de 10%. Mas foi só fumaça. O governo deu o famoso “chega pra lá” e, no dia seguinte, o papel despencou para perto de R$ 1,00 — o menor valor desde o IPO em 2021. Em bom mineirês: subiu feito foguete, caiu feito jabuticaba madura do pé.

Ometto abriu o jogo. O comandante da Cosan, que controla a Raízen, confessou que apostar na Vale foi erro. E erro em empresa desse tamanho é igual a vaca atolada: custa caro pra tirar do brejo.

A dívida virou boi bravo. O endividamento elevado pressiona resultados e obriga a empresa a vender ativos às pressas. Já se fala em antecipar R$ 1 bilhão em desinvestimentos para 2026, incluindo usinas de grande porte e até operação de refino na Argentina.

O agro, que sempre sustentou a narrativa da Raízen, olha ressabiado. Porque enquanto a companhia repete que energia é prioridade, os produtores percebem que a lida com etanol de segunda geração não deu o resultado esperado. Prometeram cana que viraria ouro. Entregaram dívida que virou chumbo.

O que fica pro mercado?
• Investidor já perdeu a paciência. A ação virou terreno baldio, com vaivém de especulador.
• O agro perdeu confiança. O discurso não enche tanque nem silo: precisa entregar resultado.
• A estratégia segue sem rumo claro. Enquanto se desmancha no etanol, a Raízen promete foco em energia. Mas o agro, que é a raiz do negócio, sente o vento da incerteza.

Uma prosa mineira pra encerrar

Meu pai dizia: “Quem não cuida da porteira, deixa o gado escapar.” A Raízen parece ter descuidado da sua — entre erros de investimento, dívida pesada e promessas não cumpridas, a porteira ficou aberta demais.

O futuro? Ninguém tem bola de cristal. Mas se não acertar o compasso entre agro e energia… se o investidor não acreditar …. Se o parceiro realmente desistir , a companhia pode ficar lembrada não como gigante do setor, e sim como mais um caso de “cresceu depressa demais e perdeu o rumo”.

Em bom mineirês: se continuar assim, o trem descarrila antes da próxima estação. E você, que vive o agro por dentro, acredita que a Raízen consegue retomar o trilho ou já virou lição de como não tocar a fazenda?

*Wladimir Eustáquio Costa é CEO da Suporte Postos, especialista em mercados internacionais de combustíveis, conselheiro e interventor nomeado pelo CADE, com foco em governança e estratégia no setor downstream.

As opiniões expressas nos artigos são de responsabilidade de seus respectivos autores e não correspondem, obrigatoriamente, ao ponto de vista da RPAnews. A plataforma valoriza a pluralidade de ideias e o diálogo construtivo.
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