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[Opinião] Sem mudanças nos fundamentos, açúcar tem nível de suporte mais baixo

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Na semana, as condições foram desfavoráveis para os traders mais altistas, com o fortalecimento do índice do dólar e o reconhecimento de que os fundamentos do açúcar seguem baixistas

O açúcar fez outra tentativa de recuperação no início da semana passada, depois de romper o nível de suporte de 18 centavos de dólar por libra-peso em 16 de maio.

O fechamento de julho atingiu 18,68 centavos de dólar por libra-peso na segunda-feira, refletindo também um dia relativamente monótono em outros mercados. O índice do dólar permaneceu estável, enquanto o complexo de energia passou por correções.

Entretanto, o restante da semana não favoreceu os traders altistas. O índice do dólar voltou a se fortalecer e o mercado reconheceu que os fundamentos do açúcar não mudaram, pelo menos não no curto prazo.

 

A safra brasileira começou em um ritmo acelerado e as exportações continuaram fortes, contribuindo ainda mais para a perspectiva de baixa. Em abril, a região Centro-Sul superou seu volume recorde da temporada 2017/18, exportando quase 1,6 milhões de toneladas, de acordo com a Williams.

Assim, pode-se esperar que os volumes de exportação de maio sejam ainda maiores. Com aproximadamente 4,7 milhões de toneladas já nomeadas para embarque, o congestionamento nos portos aumentou ao longo do mês, atingindo níveis máximos para essa época do ano, embora isso não deva impedir que o açúcar alcance os fluxos comerciais globais.

A manutenção do clima seco, juntamente com as atividades das usinas, devem apoiar os resultados das exportações.

 

Também com relação aos fundamentos atuais, a alfândega chinesa divulgou os números de importação de abril, alinhados com as expectativas iniciais. O país importou 50 mil toneladas durante o mês, refletindo uma redução de 20 mil toneladas em comparação com o mesmo período do ano passado.

Isso reafirma a abordagem de compra da China: com os 3,1 milhões de toneladas já importados nesta temporada, o país está confortável para realizar compras seletivas com base na viabilidade do preço.

As recentes flutuações do açúcar bruto, que caiu abaixo de 18 centavos de dólar por libra-peso, geraram rumores de que a China adquiriu mais 350 mil toneladas, com chegada prevista para junho e julho, o que está de acordo com os padrões sazonais.

Considerando que o suporte foi identificado em torno de 18 centavos de dólar por libra-peso, isso sugere que a arbitragem de importação chinesa está se recalibrando lentamente de um prêmio de 605 renmimbi por tonelada para a paridade da Zhengzhou Commodity Exchange (ZCE), calculada em 17 centavos de dólar por libra-peso.

Durante a quinzena anterior, a maior parte da atividade de negociação girou em torno de 18,56 centavos de dólar por libra-peso, com o volume de negociação mais alto caindo abaixo dessa marca.

Consequentemente, o cenário atual de preços do açúcar residindo abaixo desse limite, em 18,3 centavos de dólar por libra-peso, não é inesperado, com notável dificuldade para ultrapassá-lo. Tanto fatores fundamentais quanto o interesse do mercado contribuem para esse desafio.

A chegada iminente do fenômeno La Niña representa um risco significativo a longo prazo. Sua possível ativação durante o inverno do Centro-Sul e o verão do Hemisfério Norte tem 50% de probabilidade e, caso se manifeste como um evento moderado, poderá impulsionar a produção de açúcar nesta temporada.

No entanto, a probabilidade de sua ocorrência aumenta à medida que nos aproximamos do final de 2024, o que implica que a principal janela de desenvolvimento da cana no Centro-Sul para 2025, especialmente entre outubro e janeiro, poderá ser afetada por precipitações abaixo da média. Essa perspectiva leva a uma expectativa de alta para os contratos de 2025, especialmente os de julho e outubro.

Em resumo, os preços do açúcar subiram brevemente, mas logo se corrigiram devido à ausência de mudanças nos fundamentos. A safra robusta do Brasil e suas exportações em alta, junto com a queda nas importações e no suporte da China, impediram qualquer tendência forte de recuperação. Embora o La Niña possa aumentar a produção este ano, ele também pode levar a uma oferta menor em 2025, atuando como um fator altista que vale a pena monitorar.

 

 

*Lívea Coda é coordenadora de inteligência de mercado na Hedgepoint Global Markets.

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