Os preços do açúcar encerraram a terça-feira em forte queda, permanecendo pouco acima das mínimas registradas na semana passada. O movimento de recuo foi impulsionado por novas projeções que apontam para uma oferta maior da commodity no Brasil e no mercado global.
O contrato de açúcar bruto com vencimento em março de 2026 fechou em queda de 0,43 centavo de dólar, ou 2,9%, a 14,22 centavos de dólar por libra-peso, voltando à mínima de cinco anos da semana passada, de 14,07 centavos de dólar por libra-peso. Por sua vez, o contrato mais ativo de açúcar branco caiu 2,3%, indo a US$ 413,40 por tonelada.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) elevou sua estimativa para a produção brasileira de açúcar na safra 2025/26, de 44,5 milhões para 45 milhões de toneladas. A revisão reforçou o cenário de ampla oferta que já vinha pressionando as cotações nas bolsas internacionais. Na quinta-feira anterior, o açúcar em Nova York havia atingido o menor nível em cinco anos nos contratos mais próximos, enquanto em Londres os preços recuaram ao menor patamar em quase 4 anos e meio — ambos refletindo o aumento da produção no Brasil e as expectativas de superávit global.
Projeções recentes corroboram esse cenário. A consultoria Datagro, em 21 de outubro, estimou que a produção de açúcar do Centro-Sul do Brasil na safra 2026/27 deve crescer 3,9% em relação ao ciclo anterior, alcançando o recorde de 44 milhões de toneladas. Já o BMI Group, em relatório de 13 de outubro, prevê um excedente global de 10,5 milhões de toneladas em 2025/26. A Covrig Analytics, em 7 de outubro, apresentou uma projeção mais moderada, de 4,1 milhões de toneladas de superávit mundial.
Além das previsões de mercado, dados recentes da Unica reforçam a tendência de maior oferta. Na primeira quinzena de outubro, a produção de açúcar no Centro-Sul do Brasil subiu 1,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 2,484 milhões de toneladas. O volume de cana destinado à fabricação de açúcar também aumentou, passando de 47,33% para 48,24%. No acumulado da safra até a metade de outubro, a produção da região soma 36,016 milhões de toneladas, um crescimento de 0,9% na comparação anual.
O avanço da moagem e a alta produtividade das usinas brasileiras seguem sendo fatores decisivos para manter o mercado global de açúcar em baixa, refletindo o peso do Brasil como principal exportador mundial da commodity.

