Os preços internacionais do açúcar encerraram a quinta-feira (14) com desempenho misto, em meio a sinais de ampla oferta global que vêm derrubando as cotações nas últimas semanas. Em Londres, o contrato do açúcar branco marcou a maior alta em uma semana, enquanto Nova York operou sem direção única.
O contrato de açúcar bruto com vencimento em março de 2026 fechou em queda de 0,08 centavo de dólar, ou 0,6%, para 14,44 centavos de dólar por libra-peso. Em contrapartida, o contrato de açúcar branco para dezembro teve alta de US$ 4,50, ou 1,1%, indo a US$ 422,30.
O mercado segue sob forte pressão baixista desde o início de novembro. Na segunda-feira, o açúcar branco negociado em Londres atingiu o menor nível em 4,75 anos para um contrato mais próximo, e, na semana passada, o açúcar bruto em Nova York caiu ao menor patamar em cinco anos. O movimento é explicado pelo aumento da produção no Brasil e pelas estimativas crescentes de um superávit global. Na quarta-feira passada, a trading Czarnikow elevou sua projeção de excedente mundial para a safra 2025/26 para 8,7 milhões de toneladas — 1,2 milhão acima da estimativa de setembro (7,5 milhões de t).
Apesar do cenário negativo, o açúcar branco em Londres subiu na quinta-feira devido à recompra de posições vendidas por fundos, impulsionada pela proximidade do vencimento do contrato de dezembro, que expira nesta sexta-feira.
Em Nova York, o açúcar bruto chegou a tocar o maior valor em duas semanas e meia, também refletindo movimentos de short covering, diante de expectativas de que a Índia possa exportar menos açúcar do que o previsto inicialmente. Segundo reportagem da Bloomberg publicada na segunda-feira, o país avalia liberar apenas 1,5 milhão de toneladas para exportação na safra 2025/26 — abaixo das estimativas anteriores de 2 milhões. Desde 2022/23, a Índia opera um sistema de cotas de exportação após episódios de chuvas tardias que reduziram a produção e apertaram a oferta doméstica.
Brasil: produção recorde pesa sobre o mercado
A perspectiva de uma safra recorde no Brasil continua sendo o principal fator baixista no mercado global. Na terça-feira, a Conab revisou para cima sua estimativa de produção de açúcar para 2025/26, passando de 44,5 milhões para 45 milhões de toneladas.
Dados divulgados pela Unica mostram que a produção do Centro-Sul na primeira quinzena de outubro cresceu 1,3% na comparação anual, alcançando 2,484 milhões de toneladas. O mix açucareiro também subiu, de 47,33% para 48,24%. No acumulado da safra até meados de outubro, o volume produzido chega a 36,016 milhões de toneladas, alta de 0,9% sobre o ano anterior.
A consultoria Datagro, por sua vez, projetou em 21 de outubro que a safra 2026/27 do Centro-Sul deverá atingir um novo recorde de 44 milhões de toneladas, crescimento de 3,9% frente à temporada anterior.
Com a combinação de superávit global crescente, aumento da produção brasileira e dúvidas sobre o ritmo das exportações indianas, o mercado segue volátil, mas com tendência predominante de pressão sobre os preços no curto prazo.
Com informações da Barchart

