Perspectiva de superávit global de açúcar e produção robusta no Brasil e na Índia pressionam fundamentos, apesar da alta recente nas cotações
Os preços do açúcar subiram nesta segunda-feira (30), atingindo o maior nível em uma semana e meia, impulsionados pela fraqueza do dólar e por movimentos de cobertura de posições vendidas no mercado futuro.
O contrato do açúcar bruto com vencimento em outubro fechou em alta de 0,15 centavo de dólar, ou 0,9%, a 16,02 centavos de dólar por libra-peso. Por sua vez, o contrato mais ativo de açúcar branco subiu 0,3%, para US$ 462,30 por tonelada.
A recuperação vem após um período prolongado de baixa: na última terça-feira (24), os contratos futuros do açúcar em Nova York atingiram o menor nível em quatro anos, enquanto os preços em Londres recuaram ao piso. Essa tendência de queda, que já dura sete meses, tem como base a perspectiva de ampla oferta global.
A consultoria StoneX revisou recentemente suas projeções para a safra 2025/26, estimando um superávit global de 2,8 milhões de toneladas métricas (MMT) — uma mudança significativa em relação ao déficit de 4,7milhões de t previsto para 2024/25.
Um dos principais fatores de pressão sobre os preços vem do Brasil, maior produtor e exportador global de açúcar. Dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) divulgados em 17 de setembro mostram que a produção de açúcar na região Centro-Sul aumentou 18% na segunda quinzena de agosto, totalizando 3,872 milhões de toneladas.
Além disso, o percentual de cana destinado à produção de açúcar subiu para 54,20%, frente aos 48,78% registrados no mesmo período do ano passado. No entanto, o acumulado da safra 2025/26 até agosto apresenta leve queda de 1,9% em relação ao ano anterior, somando 26,758 MMT.
Índia pode ampliar exportações apesar de foco no etanol
Outro fator relevante vem da Índia, segundo maior produtor mundial. A trading Sucden informou que o país poderá desviar 4 milhões de toneladas de açúcar para a produção de etanol na próxima safra (2025/26). No entanto, essa medida não deve ser suficiente para conter o excedente doméstico, o que pode levar o país a exportar até 4 milhões de t de açúcar — o dobro da expectativa anterior de 2 MMT.
Esse possível aumento nas exportações indianas adiciona mais pressão ao mercado internacional, que já lida com estoques elevados e expectativas de superávit.