Home Opinião Preços do etanol recuam no Nordeste
OpiniãoÚltimas Notícias

Preços do etanol recuam no Nordeste

Setor sucroenergético seleção natural
Compartilhar

Depois de subirem na temporada 2021/22, os preços dos etanóis anidro e hidratado caíram no Nordeste do Brasil na safra 2022/23 (que foi oficialmente iniciada em agosto/22 e encerrada em março/23 – em abril, ressalta-se, algumas usinas da região ainda estavam moendo a cana).

Ao longo da temporada, boa parte das usinas, sobretudo as de Pernambuco e de Alagoas, esteve focada nas produções do açúcar para exportação e do etanol anidro, diminuindo a oferta do hidratado no spot nacional. Além disso, os negócios de anidro na modalidade de contratos cresceu, limitando os volumes destinados ao mercado spot. Assim, a demanda bastante enfraquecida nos postos foi o fator determinante para a queda nos preços dos etanóis no balanço da safra.

Levantamentos do Cepea mostram que, para o anidro, o preço médio da safra 2022/23 (em termos reais – os valores foram deflacionados pelo IGP-M de março/23) foi de R$ 3,3668/litro em Alagoas, de R$ 3,3619/litro em Pernambuco e de R$ 3,4295/litro na Paraíba, considerando-se os Indicadores CEPEA/ESALQ mensais de agosto/22 a março/23. Na comparação com as médias da temporada anterior, as retrações foram de 17,65% em Alagoas, de 18,21% em Pernambuco e de 17,75% na Paraíba.

No caso do etanol hidratado, as médias da safra 2022/23 foram de R$ 2,6279/litro em Alagoas, baixa de 18,58% frente à da temporada 2021/22, em termos reais. Em Pernambuco, a média fechou a R$ 2,6938/litro, retração de 16,36%, e, na Paraíba, de R$ 2,7350/litro, queda de 16,72%, também em termos reais. Destaca-se que, na Paraíba, a metodologia de cálculo dos preços considera também os contratos firmados e o etanol com origem do Centro-Sul colocado em Cabedelo (PB).

O ano-safra 2022/23 de cana-de-açúcar no Norte-Nordeste – e também no Centro-Sul do Brasil – foi marcado por mudanças políticas e por incertezas tributárias. As alterações especialmente tributárias e econômicas ocorridas durante o período impactaram sobre o setor e exigiram adaptações nos diferentes elos da cadeia.

No âmbito tributário, houve alteração em alguns impostos. A alíquota do ICMS sobre as operações internas do etanol hidratado foi reduzida no Nordeste. Na Paraíba, a alíquota, que antes era de 23%, passou para 15,33%, de acordo com o decreto n. 42.725, de 21 de julho de 2022. Em Pernambuco, foi para 15,52%, segundo a lei n. 17.898, de 15 de julho de 2022; e, em Alagoas, para 19%, segundo o decreto n. 83.840, de 23 de junho de 2022.

Quanto às importações, a taxação (de 18%) sobre o etanol trazido do exterior ao Brasil voltou a ser implementada desde o dia 1º de fevereiro de 2023. A Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu não renovar a isenção da taxação do etanol importado, com o objetivo de valorizar o setor produtivo brasileiro.

No-safra de 2022/23, as importações caíram bruscamente frente às da temporada passada. De agosto/22 a março/23, foram importados apenas 60,31 milhões de litros, contra 316,82 milhões de litros no mesmo período de 2021/22, forte baixa de 80,96%, segundo dados da Secex. Aqui ressalta-se que, desde 2017, observa-se recuo nas importações brasileiras de biocombustível.

No campo, o desenvolvimento da safra de cana-de-açúcar foi favorecido pelo clima, e as expectativas positivas do setor foram confirmadas, sobretudo na Paraíba. Além do fator climático, os investimentos feitos pelas usinas também justificam os aumentos na produção. Até a primeira quinzena de março (dados mais atuais), a moagem da safra 22/23 no Norte e Nordeste somava 96% da cana-de-açúcar estimada para a temporada, com processamento totalizando 55,97 milhões de toneladas, aumento de 5,5% frente à temporada passada. A previsão é de que a moagem some recorde de 58 milhões de toneladas de cana, superando em 8% o total da safra 21/22.

Na Paraíba, a moagem em 22/23 já superou o total processado na safra 21/22, chegando a 6,75 milhões de toneladas (até 28 de fevereiro), 23,04% superior ao mesmo período da safra passada. A produção de etanol total (anidro e hidratado) soma 424,94 milhões de litros.

Em Alagoas e Pernambuco, as chuvas acabaram atrapalhando e atrasando a moagem em alguns períodos, estendendo o período de safra até o mês de abril. Em Alagoas, a moagem de cana chegou a 16 milhões de toneladas até o fim de fevereiro (dados mais recentes), retração de 5,84% frente ao mesmo período da safra passada.

A produção de etanol, por sua vez, caiu 12,78% na comparação com o mesmo período de 21/22, atingindo 351,64 milhões de litros (anidro e hidratado). Em Pernambuco, por sua vez, foram esmagadas (até 28 de fevereiro) 12,57 milhões de toneladas de cana, quantidade 2,67% superior à registrada no mesmo período da safra passada. A produção de etanol total recuou 15% neste ano-safra frente ao anterior, somando 302 milhões de litros.

 

*Talita Costa Negri por pesquisadora do Cepea 

Compartilhar
Artigo Relacionado
Últimas Notícias

China desacelera compra de açúcar enquanto Brasil ajusta projeções

A conjuntura do mercado global de açúcar apresenta dois movimentos simultâneos: de...

usina
Últimas Notícias

Usina Estiva moderniza sistema de tratamento de água

AUsina São José da Estiva, em linha com seu compromisso de eficiência...

Últimas Notícias

Índia deve exportar até 700 mil toneladas de açúcar nesta temporada

A Índia deve exportar de 600 mil a 700 mil toneladas de...