Estamos caminhando para o fim da safra 2025/26 no Centro-Sul do Brasil, muitas unidades devem encerrar seu período de moagem ainda no mês de outubro de 2025. E, quando analisamos os dados acumulados, divulgados pela Consulcana em parceria com a RPA Consultoria, até setembro das últimas três safras, observamos que a safra 23/24 foi uma safra de destaque, ou a super-safra como muitos gostam de chamar.
Em termos de TCH no Centro-Sul a safra atual está 15% abaixo da safra 23/24, já em relação a safra passada a redução fica próxima de 7%, estamos na pior safra do período considerando esse indicador. Apesar do número ruim, podemos observar uma recuperação ao longo da safra, os dados de início de safra comparados com a anterior estavam piores.
Estratificando a análise por regiões, observamos que Assis/Pres Prudente e Mato Grosso estão ganhando em relação a safra passada, essas regiões sofreram demais no ano passado. Outras regiões como Paraná e Araçatuba estão apresentando um “empate-tecnico”, com perdas da ordem de 1%.
Aa regiões de Ribeirão Preto, Minas Gerais e Goiás são as que apresentam maiores perdas, acima de 12%. Vale lembrar que nestas regiões a estiagem no ano passado foi severa, além de incêndios criminosos de grandes proporções na regional de Ribeirão.
Analisando a qualidade da matéria-prima, observamos que o ATR do mês de setembro no estado de SP está em linha com a safra passada, apresentando uma melhora em relação ao inicio da safra. Já no Centro-Sul esse indicador está 1% abaixo. No acumulado ainda pagamos a conta de um inicio pior, em São Paulo 1% abaixo e no Centro-Sul 2%. O destaque negativo, novamente fica para a regional Ribeirão Preto com -5,5% em relação a safra anterior.
A eficiência agrícola, medida em t ATR/ha, reflete esses indicadores, quando comparamos com a super-safra, a queda foi 16,4% e 15,5%, respectivamente para o Centro-Sul e São Paulo. Neste indicador a única regional que cresceu foi Piracicaba (2%), a maior queda fica para Araçatuba (23%), seguida por SJRP (20%) e Ribeirão Preto (19%). Ou seja, a eficiência está em queda, os custos pressionados e os preços em patamares baixos. O setor apresenta uma safra 2026/27 extremamente desafiadora.
*Thiago Barros dos Santos é engenheiro agrônomo e sócio da RPA Consultoria