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Raízen tem prejuízo de R$ 1,84 bi e recuo na moagem no 1º trimestre da safra

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A Raízen encerrou o primeiro trimestre da safra 2025/26 (abril a junho) com retração nos principais indicadores operacionais e financeiros. Segundo a companhia, o desempenho foi afetado por condições climáticas adversas, menor produtividade agrícola e impactos pontuais nas operações. A receita líquida consolidada somou R$ 54,2 bilhões, queda de 6,1%, enquanto o lucro bruto foi de R$ 2,09 bilhões, retração de 20,9%. O EBITDA recuou 53,3%, para R$ 2,20 bilhões, e o EBITDA ajustado caiu 23,4%, totalizando R$ 1,89 bilhão.

A moagem de cana atingiu 24,5 milhões de toneladas, recuo de 20,7% em relação ao mesmo período da safra passada. O ATR médio caiu 2,7%, para 120,8 kg/t, e a produtividade agrícola diminuiu 12,8%, para 9,5 toneladas de ATR por hectare. Conforme o relatório, o início da safra foi pressionado por fatores como déficit hídrico, ocorrência de queimadas na região Centro-Sul no final do ciclo anterior e uma entressafra com volume de chuvas abaixo da média histórica.

“A maior incidência de chuvas neste trimestre resultou em ritmo mais lento de moagem e menor concentração de ATR. Importante salientar alguns fatores que estabeleceram uma base de comparação mais elevada no 1T24/25: as condições climáticas que propiciaram um início antecipado da moagem na safra passada e a moagem da usina MB, hibernada nesta safra. Em contrapartida, destaca-se a expansão do mix de produção de açúcar e a evolução dos indicadores operacionais de E2G, com aumento da produção na planta Bonfim e início das operações nas plantas Univalem e Barra, mantendo o foco na estabilização e nos ganhos operacionais”, destacou a empresa.

Leia também: [Opinião] Raízen no 2T25: prejuízo, seca, venda de ativos e jogo de cintura mineiro

A produção de açúcar foi de 1,45 milhão de toneladas (-21,5%), e a de etanol somou 812 mil m³ (-26,7%). O etanol de segunda geração (E2G) teve alta de 40,7%, chegando a 22,8 mil m³, impulsionado pela ampliação da planta Bonfim e pela entrada em operação das unidades Univalem e Barra. A produção total de açúcar equivalente recuou 23,6%, para 2,80 milhões de toneladas. Na bioenergia, a geração elétrica a partir da biomassa foi de 537 mil MWh, queda de 21,4% no comparativo anual.

No mercado, o volume próprio de açúcar vendido cresceu 30,1%, alcançando 995 mil toneladas, com preço médio de R$ 2.588/ton (-4%). No etanol, as vendas próprias recuaram 26%, para 497 mil m³, mas os preços subiram 16,8%, chegando a R$ 2.996/m³, favorecidos pela maior competitividade frente à gasolina.

O resultado líquido foi negativo em R$ 1,84 bilhão, revertendo o lucro de R$ 1,07 bilhão registrado no 1T 24/25. A queda no desempenho operacional, o aumento das despesas financeiras e a ausência de créditos tributários não recorrentes que haviam beneficiado a base comparativa explicam a reversão.

“A dinâmica do trimestre foi marcada pela volatilidade dos preços, após ajustes praticados pela Petrobras na gasolina e no diesel. Os volumes comercializados cresceram, impulsionados pela sólida performance no diesel em canais estratégicos, aliando crescimento com rentabilidade. No ciclo Otto, houve retração de 3% na comparação anual, com a redução das vendas de etanol pela maior competitividade no mercado de distribuição em determinadas regiões. Em lubrificantes, registramos mais um trimestre de destaque, com crescimento no volume de vendas”, informou a Raízen.

No desempenho por segmento, o EAB (Etanol, Açúcar e Bioenergia) apresentou EBITDA ajustado de R$ 862 milhões (-23,7%), pressionado pela menor moagem e diluição de custos. A distribuição de combustíveis no Brasil registrou alta de 3,3%, somando R$ 1,01 bilhão, sustentada por ganhos de eficiência e margens melhores. Na Argentina, o EBITDA ajustado caiu 50,6%, para R$ 309,7 milhões, refletindo a parada de manutenção da refinaria e efeitos negativos de inventário.

“No segmento EAB, concluímos o desinvestimento e a hibernação de duas usinas (Leme e Santa Elisa), vendemos plantas de GD e encerramos a joint venture com o Grupo Gera. Também revisamos o escopo das operações de revenda e trading, reduzindo complexidade e riscos. Na distribuição de combustíveis, registramos melhoria operacional no Brasil e enfrentamos desafios pontuais na Argentina. A otimização das estruturas corporativas e operacionais gerou ganhos de eficiência em todos os negócios. Em EAB, implementamos um plano para elevar a produtividade agrícola, apoiado por um novo time de gestão. Em Distribuição de Combustíveis Brasil, evoluímos na gestão da estratégia de suprimentos e comercialização de combustíveis e lubrificantes. Na Argentina, seguimos avançando no projeto de eficiência energética da refinaria, com conclusão prevista ainda neste ano”, reforçou a empresa.

Unidade Barra Bonita, SP, da Raízen (Foto: Divulgação)

A dívida líquida fechou o trimestre em R$ 49,2 bilhões, alta de 55,8% frente ao mesmo período do ano passado, elevando a alavancagem para 4,5 vezes o EBITDA ajustado dos últimos 12 meses. Os investimentos caíram 23,4%, para R$ 1,70 bilhão, com foco na manutenção de canaviais, expansão do E2G e ampliação da rede de postos Shell.

De acordo com a companhia, a redução dos aportes segue a estratégia de gestão e disciplina na alocação de capital. “No trimestre, houve menor dispêndio em plantio e trato, decorrente do atraso na colheita em determinadas regiões. Os investimentos em expansão estão concentrados nos projetos de E2G, com avanço na construção das plantas Vale do Rosário (52% concluída) e Gasa (42% concluída) e das usinas de geração distribuída (GD) solar dentro do escopo de desinvestimentos já anunciados”, afirmou.

A Raízen destaca que inicia um novo capítulo na safra, sustentado em quatro pilares: simplificação do portfólio, foco no core business, eficiência operacional e fortalecimento da estrutura de capital. “Seguiremos trabalhando na execução do nosso plano operacional e de investimento, e na continuidade dos avanços estruturais que sustentam nossa estratégia de longo prazo.”

Natália Cherubin para RPAnews
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