O Governo Federal reuniu, nesta terça-feira (15), o Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais com os principais representantes do agronegócio brasileiro. O objetivo do encontro foi avaliar os impactos e buscar soluções diante da decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifas sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
Participaram da reunião o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. Ambos destacaram o empenho do governo em conduzir o processo com diálogo e articulação institucional.
Alckmin reforçou o compromisso do Governo Federal com a busca de uma solução negociada, ressaltando que o apoio do setor empresarial é fundamental. “A reunião foi muito proveitosa. Pudemos ouvir deles a reafirmação do compromisso com o diálogo, que é também o compromisso do presidente Lula”, afirmou.
Carlos Fávaro, por sua vez, destacou a importância da escuta ativa com o setor produtivo: “Estamos realizando essa conversa aberta para entender as angústias e os anseios. Vamos intensificar a busca por alternativas. O diálogo está aberto da parte brasileira.” O ministro também reiterou que a orientação do presidente Lula é retomar a boa diplomacia brasileira.
Apesar da mobilização, o governo não se comprometeu com a busca de um patamar específico para as alíquotas. Foi sinalizado que os 50% anunciados pelos EUA estão postos, e que o Executivo tentará negociar. Os empresários saíram aliviados com a sinalização de que o governo evitará o uso do termo “retaliação” antes de 1º de agosto, como forma de preservar os canais diplomáticos.
Representantes da indústria alertaram que o mercado americano não pode ser substituído no curto prazo e que a construção de alternativas levaria anos. Como possíveis caminhos, foram sugeridos acordos nas áreas de etanol e de bitributação, que poderiam ser de interesse dos Estados Unidos.
“Houve uma colocação aqui de que o prazo é exíguo, mas a ideia do governo não é pedir que o prazo seja estendido, mas procurar resolver até o dia 31. O governo vai trabalhar para resolver e avançar nos próximos dias”, reforçou Alckmin.
Uma das propostas debatidas foi apresentada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), por federações industriais e por representantes do agronegócio: um pedido formal de adiamento de 90 dias para a entrada em vigor das tarifas, caso não haja acordo até o prazo estipulado.
“Estamos falando aqui só de perde-perde. Não tem ganha-ganha. Perde a indústria, perde a economia, perde o social. Gostaríamos de colocar na mesa um adiamento de 90 dias”, afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI, que estima risco de perda de até 110 mil empregos com a adoção das tarifas.
Após o encontro, Alckmin reiterou que o governo continuará trabalhando por uma solução definitiva nos próximos dias, mas não descartou, se necessário, buscar um prazo maior junto aos americanos. Também foi discutida a estratégia de enviar uma nova carta às autoridades dos EUA, cobrando resposta à correspondência encaminhada em maio.
Participaram ainda da reunião representantes dos setores da indústria de alimentos, café, sucos, frutas, pescados, carnes e mel. Estiveram presentes os ministros Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), e André de Paula (Pesca e Aquicultura), além de autoridades do Itamaraty, Fazenda, MAPA e Secom.
Com informações de O Globo