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Safra 2020/21: produtor de cana tem boa expectativa
![Produtor de cana espera boa safra](https://revistarpanews.com.br/wp-content/uploads/2020/06/FazendaSantaHelena_credito-santa-helena.png)
Natália Cherubin
“Já é possível ver uma luz no final do túnel”, afirma Luiz Odilon, produtor de cana-de-açúcar da Fazenda Santa Helena, localizada no município de Jardinópolis, próximo a Ribeirão Preto, SP. Mesmo com a seca, fator ainda bastante importante e que deverá impactar a safra 2020/21 , o fornecedor acredita que a temporada não será pior do que a anterior.
Em meio à pandemia do Covid-19, dos choques no mercado de petróleo e da queda da demanda por etanol, o valor do ATR fechou o mês de abril em 0,7005 e em maio a 0,6934.
Diante disso, Odilon acredita que o valor do ATR, em função do câmbio e das pré-negociações do açúcar junto a recuperação da venda de etanol, poderá fechar o ano com um valor igual ou melhor que o ano passado.
“Já passamos dois meses de safra. Entraremos agora nos meses em que atingimos o pico da temporada. Normalmente os valores não são ascendentes, mas poderão ser em função do mercado do açúcar estar ascendente e o valor do petróleo também, pelo menos é o que ocorreu nestes últimos 15 dias”, observa o produtor.
Seca preocupa
Odilon, que vem de uma família de agricultores que atuam no segmento há mais de 100 anos, afirma que o fator mais preocupante e real da safra 2020/21 é a seca dos últimos 45/60 dias.
“Estive viajando para a Região do Sul do Estado de São Paulo e nunca havia visto uma situação tão crítica de canavial”, afirma.
O cenário de consumo de etanol estar se restabelecendo. Mas impactos já causados pela seca são irrecuperáveis, afirma o produtor.
“A safra já andou muito e logo estaremos colhendo canas de meio para final de safra. Isso refletirá de maneira considerável na produção final da safra do Centro-Sul”, opina.
Cuidado com a produtividade
Ao longo dos últimos oito anos o produtor, que é fornecedor de cana da Usina Bazan há 20 anos, revela que teve uma grande evolução na produtividade de seus canaviais.
Ele passou de uma média de 82 t por ha para as atuais 120 t por ha em sequeiro, valor atingido na temporada 2019/20. Hoje a sua produção é de aproximadamente 40 mil t por safra.
![Produtor de cana espera boa safra](http://revistarpanews.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Fazenda-Santa-Helena1.png)
Foto/Reprodução: Instagram Fazenda Santa Helena
“O nosso contrato com a usina é por valor fixo de ATR/t. Não realizamos o CTT. Porém fazemos um rígido controle da colheita, acompanhando com amostragens de perdas e maturação da cana”, explica.
De acordo com ele, a safra anterior foi excelente para a cultura, com as chuvas nas horas certas. “Quanto a venda da cana, em função do ATR da Usina Bazan estar sempre, em média, R$ 3 centavos acima do ATR do Consecana SP, obtivemos um bom resultado”, disse.
Para a safra atual, o produtor projeta leve queda na produtividade devido ao clima seco, que não deverá ter impactos muito maiores por conta das adubações e tratos culturais que foram realizados, visando principalmente o desenvolvimento do sistema radicular da cana.
Não é momento de descuidar
Apesar do cenário atual e das projeções futuras sugerirem cautela, Odilon acredita que não é hora do setor descuidar da lavoura.
“Pensamos na lavoura como nosso ativo biológico e, como tal, tem prioridade nos investimentos. Acabamos de fazer um plantio de aproximadamente 80 ha, que para nós é um investimento considerável”, afirma.
Ele ainda destacou à RPAnews que o canavial continua sendo muito bem cuidado nas questões de mato-competição e nutrição. “É isso que nos coloca em uma posição melhor que outras empresas, quando pensamos no que precisamos fazer”, diz Odilon.
Para buscar melhoria contínua, Odilon revela que foca em quatro pontos:
1- Censo varietal, fazendo o planejamento da lavoura e escolhendo os melhores materiais para cada ambiente de produção.
2- Correção dos solos, com o uso de produtos de qualidade.
3- Rotação de cultura com plantio de soja que, além do benefício da rotação, gera uma renda que nos valores de hoje praticamente pagam o plantio da cana (em torno de 60%).
4- Tratos culturais, fazendo uma compra bem-feita de insumos e dando preferência em realizar as operações na hora correta, para não ocorrer perdas.
“Realizamos também a fertilização em quatro etapas de acordo com a necessidade da planta”, afirma o produtor.
Caixa é desafio
Se o clima não é possível controlar, o desafio maior para os fornecedores nesta safra será administrar o caixa, planejando muito bem as compras de insumos e os pagamentos dos financiamentos agrícolas.
Odilon revelou que está trabalhando dentro da programação junto a fornecedores e estocando insumos de acordo com as oportunidades de compra.
“Quem possui uma boa base já vem trabalhando sempre com um ou dois passos à frente. Com um plantio bem feito e trabalhando sempre justo, sem excessos, de acordo com a tecnologia, se consegue um bom resultado. Mas sempre é bom ter muita cautela e pés no chão em questão de caixa e investimentos”, conclui.
Redes Sociais
Há quase três meses, a Fazenda Santa Helena, em parceria com um produtor audiovisual, criou uma página no Instagram para contar um pouco da sua história, difundir conhecimento e as tecnologias que são aplicadas na sua produção de cana-de-açúcar e também para fazer negócios.
![](http://revistarpanews.com.br/wp-content/uploads/2020/06/santa-helena.png)
Foto/Reprodução: Instagram da Fazenda Santa Helena
“O intuito é apresentar a Fazenda Santa Helena como uma opção diferente de atividade na área agrícola, visando a área técnica, histórica e cultural. Ser desde uma opção para passeios de escolas até servir como um local para que parceiros realizem dias de campo, palestras e desenvolvimento de experimentos”, conta Odilon.
Hoje a cana-de-açúcar é a atividade principal, mas a Fazenda Santa Helena também produz milho, soja e outras culturas, bem como atua na pecuária de corte, criação de gado de leite e cavalos. “Queremos mostrar para as pessoas o que é agricultura sustentável no seu dia a dia.”
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