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Setor de açúcar e etanol enfrenta céu nublado no Brasil com eleições presidenciais

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Os produtores brasileiros de açúcar e etanol provavelmente enfrentarão um ambiente de negócios menos favorável, independentemente de quem sair vitorioso da disputada eleição presidencial do país em 30 de outubro, dizem especialistas.

Os cidadãos vão às urnas em menos de três semanas para um segundo turno entre o atual presidente da República Jair Bolsonaro (PL) e seu oponente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “É ruim com Bolsonaro, poderia ser pior com Lula”, disse o analista de açúcar e etanol Arnaldo Correa, diretor da Archer Consulting, disse à Reuters.

A indústria de etanol e açúcar teve uma forte recuperação da pandemia, já que os preços tanto do açúcar quanto do etanol subiram para níveis quase recorde. Mas ambos os candidatos apoiam políticas que a indústria acredita que podem prejudicar a demanda, pois buscam reduzir os custos para os consumidores.

Bolsonaro eliminou impostos federais sobre energia e levou estados ao corte de outros impostos sobre combustíveis em uma aposta para aumentar suas chances de ser reeleito. Como os impostos eram mais pesados sobre os combustíveis fósseis, o etanol perdeu sua vantagem sobre a gasolina nas bombas.

Bolsonaro também disse que não tem planos de restabelecer os impostos no próximo ano, se reeleito, então as usinas devem evitar o etanol e produzir mais açúcar, o que pode deprimir os preços globais do adoçante.

Lula, se vencer, prometeu mudar a política de preços de combustíveis da estatal Petrobras para reduzir os valores da gasolina, o que poderia ser ainda pior para as usinas, pois diminuiria ainda mais as margens do etanol.

A última vez em que o Partido dos Trabalhadores esteve no comando, com a ex-presidente Dilma Rousseff, de 2011 a 2016, trouxe estragos ao setor sucroenergético, já que o governo manteve os preços da gasolina artificialmente baixos para conter a inflação. As margens de lucro do etanol caíram, juntamente com os preços globais do açúcar.

Dezenas de usinas faliram e várias só se recuperaram recentemente. “As usinas venderam etanol abaixo do custo de produção 60% das vezes durante esse período”, disse Correa, acrescentando que a indústria se endivida mais como resultado.

Enquanto isso, Bolsonaro interveio em julho no primeiro mercado de carbono do país de maneira prejudicial, disse o especialista em combustíveis renováveis Soren Jensen, ex-executivo da Copersucar.

Esse mercado, conhecido como RenovaBio, foi projetado para impulsionar os combustíveis renováveis, permitindo que as usinas vendam créditos de carbono (CBios) gerados pelo uso de biocombustíveis em vez de combustíveis à base de petróleo. Os distribuidores de combustível são obrigados a comprar esses créditos para compensar as emissões de combustíveis fósseis.

O governo Bolsonaro decidiu adiar as metas de cumprimento do RenovaBio em mais um movimento para reduzir os preços dos combustíveis, causando o colapso dos preços desses créditos. “Foi o começo do fim do programa”, disse Jensen.

As equipes de pesquisa dos bancos Citi e do BTG Pactual disseram que todos esses fatores aumentam os riscos para o desempenho financeiro das empresas de açúcar e etanol.

Reuters/Marcelo Teixeira

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