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Agrícola

Sistema de irrigação por gotejamento é ferramenta segura para aplicação de Tiametoxam em cana-de-açúcar

Publicado

em

 Por, Dávilla Alves, especialista agronômica da Netafim

O Ibama – autarquia federal brasileira de fiscalização ambiental, após a reavaliação que se iniciou em 2012 sobre o uso de inseticidas à base de Tiametoxam, decidiu restringir o uso do ingrediente ativo em diversas culturas agrícolas devido ao impacto sobre insetos polinizadores.

A decisão publicada através do parecer técnico Nº 17732614 no Diário Oficial da União em 22 de fevereiro de 2024, consiste na proibição da aplicação não dirigida do componente por meio de pulverização aérea e de tratores agrícolas, uma vez que o entendimento por trás dos processos de avaliação é de que as duas formas podem causar intercorrências sobre o papel de abelhas e outros insetos polinizadores no ecossistema, devido ao fenômeno da deriva.

O Tiametoxam é um dos ingredientes ativos de inseticidas da classe dos neonicotinoides, registrados e de maior amplitude de uso para o controle de pragas polífagas como mosca-branca, percevejos, cigarrinhas e pulgões. No Brasil, as novas medidas impõem a restrição para determinadas formas de uso, como a aplicação foliar não dirigida do ingrediente ativo em culturas que incluem eucalipto, tomate e uva. Por outro lado, o uso será permitido em culturas como milho, trigo, soja e cana de açúcar, para aplicação dirigida no solo ou folhas, e no tratamento de sementes, além de especificar novas condições como doses e prazos.

Vigor de canaviais tratados com Tiametoxam via gotejamento no controle de cigarrinha-das-raízes (Mahanava fimbriolata)

Para a cana-de-açúcar, o ingrediente é utilizado no controle de cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata), cupins (Heterotermes tenuis), broca da cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis), gorgulho da cana-de-açúcar (Sphenophorus levis) e pão-de-galinha (Euetheola humilis) durante o ciclo de cultivo. Com as novas regras, fica suspenso o tratamento industrial de propágulos vegetativos.

Entretanto, segundo o documento, fica permitida a utilização do produto na cana-de-açúcar via solo com aplicação dirigida e, para tanto, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indica a aplicação segura da substância na cana-de-açúcar através do sistema de irrigação por gotejamento, uma vez que não há risco de exposição à deriva. Dessa maneira, caso sejam necessárias aplicações em cana soca após a colheita via solo, deve-se respeitar o intervalo de 35 até 50 entre entre a colheita e a primeira aplicação a fim de evitar o contato dos polinizadores com o exsudato.

No que diz respeito a eficiência de aplicação e controle de pragas-alvo com o uso do Tiametoxam via sistema de irrigação por gotejamento, a Netafim buscou respostas por meio de experimentos realizados visando o controle da cigarrinha-das-raízes.

Os resultados obtidos em campos de produção comerciais de cana-de-açúcar, realizados em Usinas e produtores de cana-de-açúcar, demonstram expressiva redução do inseto tal qual a aplicação foliar do produto, mantendo o vigor do canavial.  Isso significa que a eficiência de controle permaneceu semelhante em relação ao tratamento submetido à pulverização.

A prática de utilização do sistema de irrigação por gotejamento é uma técnica sustentável e eficaz no manejo fitossanitário, uma vez que contribui para a aplicação de defensivos para o controle de pragas e doenças com maior precisão na aplicação dos produtos e maior segurança. Além da segurança ambiental para insetos benéficos, o sistema é aliado à seguridade operacional, uma vez que não há contato dos trabalhadores do campo com a calda de pulverização, permitindo a redução da mão de obra ou mesmo a sua readequação para outras atividades.

 

*Dávilla Alves é especialista agronômica da Netafim

 

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