Executivo deve ser responsável por tema central da conferência climática que acontece em novembro, em Belém (PA)
O secretário nacional de transição energética e planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME), Thiago Barral, deve assumir a coordenação da área de energia da COP30, a Conferência do Clima da ONU que será sediada pelo Brasil em novembro, em Belém (PA).
A informação circulou na tarde desta sexta-feira, 6, por fontes próximas à organização do evento. Na mesma data, o governo federal exonerou Barral por meio de publicação em edição extra do Diário Oficial da União (DOU). Para a vaga, foi nomeado Gustavo Cerqueira Ataide, que ocupava um cargo na Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
A indicação de Barral para a COP30 teria partido do embaixador André Corrêa do Lago, presidente do evento, e teria sido bem recebida pelo ministro Alexandre Silveira.
A proposta avançou durante a recente viagem oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Paris, onde foram consolidados os arranjos organizacionais da conferência. A formalização da mudança deve ocorrer nos próximos dias.
Ainda segundo fontes do governo, sob a coordenação de Barral, o país pretende articular uma narrativa de “transição energética justa” que transcenda as tradicionais dicotomias entre desenvolvimento e sustentabilidade.
A proposta brasileira enfatiza a geração de empregos, redução de desigualdades e respeito a povos tradicionais – uma agenda que busca demonstrar como políticas climáticas podem catalisar transformações socioeconômicas mais amplas e combater o chamado “negacionismo econômico”, considerado por André Corrêa do Lago um dos grandes desafios nas negociações.
Arquiteturas energéticas emergentes
Servidor de carreira, Barral foi presidente da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) entre 2019 e 2022, assumindo a secretaria do MME em 2023. Seu currículo inclui participação em organismos multilaterais como a Agência Internacional de Energia (IEA) e a Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena).
Em janeiro deste ano, Barral integrou a modesta comitiva oficial do governo brasileiro no Fórum Econômico Mundial em Davos. Na ocasião, participou de debates sobre os avanços brasileiros na incorporação de fontes renováveis à matriz energética nacional.
“Em 2024, a participação de fontes renováveis na matriz energética foi marcada pelo aumento da oferta interna de biomassa, eólica e solar. Ao longo de 20 anos, a participação das renováveis na Oferta Interna de Energia (OIE) se manteve em um patamar altamente elevado, atingindo 49,1% em 2023”, declarou o então secretário na ocasião.
Exame|Lia Rizzo