A União Europeia reduzirá as importações de trigo e açúcar da Ucrânia em até 80% para atender às preocupações de seus agricultores, de acordo com as cotas anunciadas nesta sexta-feira, 4, que provavelmente levarão os produtores ucranianos a venderem mais para os mercados da Ásia e da África.
Em uma demonstração de solidariedade após o início da guerra na Ucrânia em 2022, a UE abriu seus mercados de alimentos e renunciou temporariamente a taxas e cotas. Mas, à medida que agricultores de todo o bloco começaram a protestar contra uma enxurrada de cereais, açúcar e aves da Ucrânia, Bruxelas decidiu reintroduzir as cotas.
Comerciantes dizem que a Ucrânia contrariou as expectativas, continuando a enviar grandes volumes de grãos pelo Mar Negro, mas a guerra não mostra sinais de acabar e o apoio do Ocidente diminuiu.
As cotas anunciadas na sexta-feira serão mais altas do que as do primeiro acordo de livre comércio entre a UE e a Ucrânia, em vigor desde 2016, mas significativamente abaixo dos volumes importados nos últimos três anos com isenção de impostos.
Elas seguem um acordo provisório alcançado na segunda-feira e definem a cota anual de trigo em 1,3 milhão de toneladas, um aumento de 30% em relação aos níveis anteriores à guerra de 1 milhão de toneladas, disse um alto funcionário da UE na sexta-feira.
Isso representa uma queda de 70% a 80% em relação às últimas três temporadas, quando a UE importou cerca de 4,5 milhões de toneladas de trigo ucraniano na temporada 2024/25 até 30 de junho, 6,5 milhões de toneladas em 2023/24 e 6,1 milhões de toneladas em 2022/23, de acordo com dados da Comissão.
A UE estabeleceu a cota para o açúcar ucraniano em 100 mil toneladas, acima das 20 mil toneladas anteriores à guerra, mas abaixo das importações sem cotas de 400 mil toneladas em 2022/23 e mais de 500 mil toneladas em 2023/24.
A associação agrícola ucraniana UCAB disse nesta sexta-feira que as cotas eram muito baixas, chamando a proposta de “retrocesso”.
Elas devem proporcionar alívio para os agricultores da União Europeia, muitos dos quais sofreram com custos mais altos e regras ambientais mais rígidas e que também estão preocupados com um acordo planejado pela UE com o bloco sul-americano Mercosul.
Reuters| Julia Payne e Gus Trompiz