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UISA prepara entrada no mercado de fixação de carbono
A UISA – antiga Usina Itamarati – está apostando alto no mercado de Bioenergy with Carbon Capture and Storage (BECCS, na sigla em inglês). A técnica consiste em armazenar permanentemente no solo o CO2 que seria lançado na atmosfera, proveniente do processo industrial da usina.
A empresa já investiu aproximadamente R$ 20 milhões ao longo dos últimos 12 meses para realização de estudos e levantamento de dados. A ideia é ter fundamentos técnicos que comprovem a viabilidade da região para a estocagem de carbono no solo.
Pesquisas e estudos já realizados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) indicam que a Bacia do Parecis é uma das regiões do país onde armazenar CO2 no solo de forma permanente é viável.
A unidade da UISA está em Nova Olímpia (MT), dentro da bacia e a 15 quilômetros do site onde seria o poço de armazenamento. “Sem sorte ninguém chega a lugar nenhum”, disse o CEO da UISA, José Fernando Mazuca Filho, ao IM Business.
A companhia contratou uma empresa canadense para fazer a aquisição de dados sísmicos da região para validar se, de fato, o local escolhido tem capacidade para armazenamento permanente de CO2. Os trabalhos de coleta terminaram em setembro e, agora, os dados estão sendo processados.
“Em tudo dando certo, no horizonte de alguns meses, a gente começa a executar o projeto como um todo e a perfuração do poço”, disse Mazuca. Para essa segunda fase, a UISA estima uma necessidade de investimentos da ordem de algumas centenas de milhões de reais, algo entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões.
Para monetizar todo o projeto, a UISA trabalha em dois caminhos. O primeiro é na agregação de valor ao etanol produzido pela empresa. Hoje, a intensidade de carbono do biocombustível da usina é de 35 gramas de CO2 por megajoule de energia.
Na conclusão do projeto, a intensidade de carbono passa a ser negativa em -13 gramas. Biocombustíveis com essa característica retiram carbono da atmosfera quanto mais forem utilizados e, por isso, acabam sendo mais valorizados no mercado.
“Essa é a forma indireta. A forma direta de remunerar esse investimento é a venda de créditos de carbono para serem adquiridos no mercado voluntário”, explica Mazuca.
O executivo lembra que a tecnologia de estocagem de CO2 é dominada desde a década de 70, mas sua aplicação está mudando. Historicamente, as grandes indústrias de óleo e gás são as que têm procurado estocar carbono, dada sua operação.
“Quando começamos a procurar os prestadores de serviço eles se surpreenderam. Aparentemente, eles não tinham mapeado que havia um mundo a ser explorado”, conta.
Projetos de estocagem permanente de CO2 no solo já estão adiantados nos Estados Unidos. Por lá, o governo americano subsidia a indústria com valores entre US$ 40 e US$ 85 para cada tonelada de carbono armazenada no solo.
Por aqui, a FS Bionergia, produtora de etanol a partir de milho, foi a primeira usina a apostar na estocagem de carbono. O projeto da FS está instalado em Lucas do Rio Verde (MT) e consumiu recursos da ordem de R$ 330 milhões.