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Universidade Federal de Viçosa apresenta duas novas variedades de cana-de-açúcar

Sugar cane plantation in Brazil. It is used for producing biofuel (Ethanol Alcohol), Cachaça, Garapa, Pinga, Melado, Sugar, ant it`s residues, to produce a rich biomass for power generation.
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A Universidade Federal de Viçosa (UFV), que faz parte da Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético), acaba de lançar duas novas variedades de cana-de-açúcar, que foram divulgadas em cerimônia realizada, na tarde de quarta-feira (17), na Associação dos Produtores de Cana da Região de Campo Florido (Canacampo), no Triângulo Mineiro.

As variedades RB127825 e RB097217 somam-se a outras cinco liberadas nos últimos anos pela UFV. Todas as variedades foram desenvolvidas no âmbito do Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-Açúcar (PMGCA) da UFV, coordenado pelo professor Márcio Henrique Pereira Barbosa, do Departamento de Agronomia (DAA), que também é coordenador técnico da Ridesa.

O professor e pesquisador da UFV, explica que a RB127825 é mais rústica, podendo se adaptar a diferentes ambientes de produção, em função da amplitude de manejo. A característica de adaptação, por exemplo, a solos mais ou menos férteis e a altitudes mais baixas ou altas, confere a essa variedade uma probabilidade de grande aceitação pelo mercado, de acordo com o professor.

Já a RB097217 tem uma concentração maior de açúcar, o que exige que sua produção se dê em uma área de maior fertilidade para que haja melhor produtividade de sua biomassa. Como essa variedade tem muito açúcar, ela também confere a ele bom rendimento por área ao final do ciclo.

Ainda de acordo com Barbosa, a RB127825 é “filha” da RB867515, variedade de maior destaque da UFV, por ser uma das mais plantadas no Brasil e no mundo. Atualmente, ela representa cerca de 20% da área de cana-de-açúcar cultivada no país, com algo em torno de 1,8 milhão de hectares.

As duas variedades foram desenvolvidas para elevar a produtividade das culturas de cana-de-açúcar, atendendo a todos os tipos de manejo, com aplicações da indústria alimentícia à produção de etanol. Ambas também são muito tolerantes às principais pragas que acometem essa cultura. (Crédito: Ridesa)

A “filha”, segundo o coordenador do PMGCA, está suplantando a produtividade da variedade que ficou famosa no mundo. O professor lembra ainda que a liberação das variedades não significa que elas já possam ser comercializadas. Isso acontecerá somente depois que for concedido à UFV, pelo Serviço Nacional de Proteção de Cultivares – vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária -, o Certificado de Proteção de Cultivar, uma modalidade de propriedade intelectual. Uma vez obtido o certificado, a Universidade poderá firmar contratos com empresas para que produzam mudas e as comercializem para os produtores, como acontece com outras já liberadas.

A exemplo das variedades anteriormente lançadas pelo PMGCA, essas duas também foram desenvolvidas para elevar a produtividade das culturas de cana-de-açúcar, atendendo a todos os tipos de manejo, com aplicações da indústria alimentícia à produção de etanol. Ambas também são muito tolerantes às principais pragas que acometem essa cultura.

Parceria público-privada é importante

Ao longo de 32 anos de pesquisa com cana-de-açúcar, a UFV mantém importantes parcerias com empresas e usinas do setor, que, de acordo com o professor, tem auxiliado no desenvolvimento de variedades cada vez mais produtivas. Ele destaca a parceria público-privada, que permite à Universidade mais recursos para ensino, pesquisa e extensão e o acesso dos estudantes a novas informações e métodos, que podem ainda ser aperfeiçoados.

“Quando se integra a ação de várias pessoas, inclusive com o setor produtivo, as coisas facilitam demais, porque se tem fluxo de recursos e continuidade a longo prazo do trabalho; não há interrupção dele. Isso é muito importante para o melhoramento genético, cujas pesquisas acontecem a longo prazo”.

Para o reitor Demetrius David da Silva, é um orgulho ver a UFV liberando mais duas variedades de cana-de-açúcar. “Isso demonstra a importância da Universidade para a produção de açúcar e etanol que fazem do Brasil o maior país com área plantada de cana no mundo”.

O vice-presidente da Ridesa considera uma honra integrar uma Rede tão estratégica para o país e um exemplo de cooperação universitária, “onde atuam profissionais e pesquisadores competentes e comprometidos com a causa, como o professor Márcio Henrique, do Departamento de Agronomia”.

A UFV é a única universidade, dentre as 10 que compõem a Rede, que atua em Minas Gerais, com 32 usinas e associações e uma área cultivada de 900 mil hectares. Muitas dessas usinas estavam representadas na cerimônia, da qual também participaram produtores de cana e representantes de oito universidades que integram a Ridesa, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e de outras entidades.

Ridesa já lançou mais de 100 variedades

A maioria das variedades desenvolvidas e protegidas em nome da Universidade Federal de Viçosa foi testada em outras regiões do Brasil por meio da Ridesa. Além da UFV, a Rede é composta pelas universidades federais de Alagoas (Ufal), Rural de Pernambuco (UFRPE), São Carlos (UFSCar), Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Paraná (UFPR), Sergipe (UFS), Goiás (UFG), Mato Grosso (UFMT) e Piauí (UFPI). Atualmente, ela é presidida pelo reitor da Ufal, Josealdo Tonholo.

Juntas, essas instituições já lançaram mais de 100 variedades, que representam 65% da área com cana-de-açúcar no país, com participação de 30% na matriz energética nacional. Todas trazem a sigla RB (República do Brasil), que indica as variedades da Ridesa, e são registradas no Germplasm Committee of International Society of Sugar Cane Technologists (ISSCT). A numeração é seguida do ano de cruzamento e, posteriormente, do código referente à universidade, que representa o local de seleção da variedade.

A Ridesa foi formada em 1990 por um convênio de cooperação técnica, substituindo o Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-açúcar (Planalsucar), instituído na década de 1970. Por meio da Rede, as universidades que a compõem avaliam a performance das variedades nos estados onde estão localizadas bem antes de serem liberadas. “Essa parceria mostra a força da Ridesa no desenvolvimento e avaliação de novos genótipos”, afirma o professor Márcio. “Trabalhamos em sintonia”. A integração da Rede também se revela nas parcerias com centenas de empresas, produtoras de cana, açúcar, etanol e bioeletricidade e no envolvimento de professores, técnicos e estudantes de graduação e pós-graduação.

Com informações da UFV

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