A perspectiva da S&P Global Ratings é positiva e indica elevação de rating se a empresa mantiver os patamares de liquidez atuais
A Bioenergética Vale do Paracatu (Bevap), localizada em João Pinheiro (MG), foi elevada ao rating ‘brBBB+’ pela S&P Global Ratings, refletindo a evolução contínua e a solidez de suas operações. A perspectiva é positiva, indicando possibilidade de nova elevação caso a empresa mantenha os atuais patamares de liquidez.
A companhia sustentou um colchão de liquidez robusto ao longo de 2025, impulsionado pela forte geração de caixa operacional (FFO – funds from operations) e por novas captações que somaram cerca de R$ 300 milhões entre dezembro de 2024 e março de 2025. Esses recursos contribuíram para a extensão do perfil de vencimento das dívidas.
“Esperamos que a companhia continue com uma gestão ativa de seus passivos, suavizando vencimentos e reduzindo obrigações de curto prazo em relação ao caixa ao longo de 2026 e além, mesmo diante de maiores necessidades sazonais de capital de giro ou de quedas significativas nos preços dos produtos, em meio à guerra comercial global”, afirmou a S&P em relatório.
Segundo a agência, o rating indica uma capacidade adequada de cumprimento das obrigações financeiras, embora a Bevap esteja mais exposta a condições econômicas adversas do que empresas com ratings mais altos, como ‘A’ ou ‘AA’. Trata-se, contudo, de um grau de investimento, sinalizando solidez e confiabilidade no mercado.
A S&P projeta, de forma recorrente, um índice de fontes de caixa sobre usos superior a 1,1x nos 12 meses a partir de março de 2024 — revertendo um histórico de déficit. Além disso, a companhia aumentou o volume de cana-de-açúcar moída em mais de 10% pelo segundo ano consecutivo, impulsionando o caixa operacional e reduzindo o endividamento bruto em quase R$ 100 milhões no exercício de 2025.
“A perspectiva positiva indica que poderemos elevar o rating novamente se a empresa mantiver a liquidez atual, com crescimento de volumes e EBITDA consistente, sustentando geração de caixa livre positiva para permitir desalavancagem nominal”, completou a S&P.
A expectativa é que a Bevap continue ampliando seus volumes, aproximando-se da capacidade instalada e reduzindo o custo unitário, o que favorece a geração de caixa. A projeção é de fluxo de caixa operacional livre (FOCF – free operating cash flow) superior a R$ 100 milhões por ano, mesmo com a queda nos preços dos produtos.
A agência também espera que a Bevap siga com a gestão ativa de passivos, alongando vencimentos e reduzindo a dívida de curto prazo em relação ao caixa. Nesse cenário, o índice de dívida bruta sobre EBITDA deve se manter abaixo de 2,0x na safra atual e nas próximas.
O aumento de volumes deve persistir. Após crescer de 2,4 milhões de toneladas na safra 2022/2023 para 3 milhões em 2024/2025, a expectativa é de novo avanço para 3,3 milhões em 2025/2026 — próximo à capacidade instalada de 3,5 milhões. Como os canaviais da Bevap são 100% irrigados, com investimentos prévios em pivôs, a companhia não enfrenta risco de execução mesmo diante do clima mais seco em 2025. A S&P destaca o histórico recente de crescimento bem-sucedido como fator de confiança.