Um ano após ter sido apontada como responsável pela mortandade de aproximadamente 250 mil peixes no Rio Piracicaba, a Usina São José, localizada em Rio das Pedras (SP), retomou suas operações. O episódio, ocorrido em julho de 2024, teve como causa o despejo de melaço de cana-de-açúcar no ribeirão Tijuco Preto — afluente do Piracicaba — e resultou em uma grave tragédia ambiental que impactou diretamente a fauna aquática e a pesca artesanal da região, especialmente na planície alagável do Tanquã, conhecida como Mini Pantanal Paulista.
Conforme divulgado pelo jornal JP Notícias, a reativação da usina foi autorizada após um processo de licenciamento ambiental que, segundo a própria empresa, seguiu rigorosamente as exigências legais. Vistorias técnicas conduzidas por órgãos ambientais atestaram a regularidade das operações após a implementação de uma série de medidas corretivas.
Entre as principais adequações realizadas, estão a reforma de tubulações e bombas, instalação de novos medidores e a construção de um sistema atualizado de tratamento de efluentes. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) validou o plano técnico apresentado pela empresa e confirmou o restabelecimento da licença de operação.
Apesar da liberação para o funcionamento, a Cetesb destacou ao jornal que a regularização não exime a usina da responsabilidade pelo desastre ambiental. A companhia também indeferiu todos os recursos apresentados contra a multa de R$ 18 milhões imposta pela tragédia. Para garantir maior controle, foi instalada uma sonda de monitoramento automático no local, que realiza análises contínuas da qualidade da água, 24 horas por dia.
O caso segue sendo investigado pelo Ministério Público, que conduz um inquérito civil e avalia eventuais implicações criminais. Além dos impactos à biodiversidade, a mortandade de peixes reduziu drasticamente a pesca artesanal no Rio Piracicaba, afetando o sustento de dezenas de famílias.
No próximo dia 5 de agosto, uma reunião em Piracicaba reunirá representantes da usina, da Cetesb, do Ministério Público, de pescadores e das prefeituras de Piracicaba e São Pedro. O encontro busca discutir um possível acordo que inclua indenizações às comunidades afetadas, compensações ambientais e ações concretas para prevenir novos desastres.
A tragédia no Piracicaba acendeu um alerta sobre os riscos da atividade industrial sem o devido controle ambiental. Agora, com a retomada das operações da Usina São José, autoridades e sociedade civil permanecem atentas ao cumprimento das normas e à preservação dos recursos naturais da região.