A Usina São Manoel, assim como todas as unidades sucroenergéticas, está em busca dos três dígitos e para isso vem realizando estudos e implementando novas tecnologias com o objetivo de encontrar gaps e resolver os principais problemas que impactam na produtividade da sua lavoura: a compactação e a nutrição dos seus solos.
A unidade está localizada na cidade de São Manuel, próxima a Botucatu, SP, região de áreas muito recortadas e que tem 78% de solos desfavoráveis e 22% de solos favoráveis, realidade que traz problemas de fertilidade.
Fábio Luiz Consoni, Supervisor de Planejamento Agrícola da Usina São Manoel, revelou durante Webinar realizado pela Stab, que em trabalho feito com ajuda de pesquisadores da Esalq-USP, chegou-se à conclusão de que os dois principais fatores que impactam o TCH da companhia estão relacionados a manejo nutricional e solo.
De acordo com dados da São Manoel, 27% da perda da produtividade dos canaviais da companhia estão ligados à deficiência de nutrientes e 21% devido a questão da compactação dos solos. Outros impactos são trazidos pelas pragas, população de plantas, ervas daninhas e doenças (Veja imagem 1).

A São Manoel sempre trabalhou com sistematização em curvas embutidas e além da questão dos equipamentos que não obedeciam ao traçado, como consequência das curvas embutidas, existia a dificuldade nas manobras.
Depois de realizado o diagnóstico dos possíveis problemas, a unidade passou a trabalhar melhor o manejo de seus solos. “Mesmo que nossos equipamentos tivessem a melhor tecnologia, sempre sofremos muito com os impactos das manobras, o que refletia cada vez mais sobre a cana soca”, explica Consoni.
A fim de melhorar a sistematização e, consequentemente, as operações, a São Manoel desenvolveu um manual de padronização de procedimentos para as operações agrícolas.
“Padronizamos para que conseguíssemos fazer uma operação de qualidade, gerando indicadores que nos mostrassem se estávamos no caminho certo. Revisando a questão da compactação dos solos, queríamos que o nosso sistema radicular crescesse e conseguisse fugir do efeito de ‘confinamento’ de raiz”, detalha Consoni.
Além disso, a usina formou canteiros, ou seja, concentrou seu tráfego dentro das entrelinhas e passou seu sistema de conservação para as curvas passantes com bases largas, melhorando também seus traçados, para que as colhedoras e tratores não pisassem mais nos canteiros.
“Além do uso do piloto automático, também migramos para as colhedoras de duas linhas. Essa colhedora permite colher mais linhas. Além disso, consigo um canteiro maior sem compactação, melhorando o crescimento radicular”, afirma Consoni.
Ajustes no manejo nutricional
Além de resolver a questão da compactação de solos com a sistematização, uso de piloto automático e colhedoras de duas linhas, ainda era preciso melhorar a fertilidade dos solos.
Para isso a Usina São Manoel optou por um preparo de solo mais conservacionista, buscando também trabalhar com fontes orgânicas, para melhorar a fertilidade dos solos, e expansão da rotação de culturas.
“Além da raiz não estar crescendo por problemas de compactação por tráfego, tínhamos problemas nutricionais a resolver. Analisamos que o nosso solo tinha concentração de alumínio em vários locais. Tivemos então de migrar para um sistema que conseguisse melhorar a mecanização, mitigando também os efeitos da compactação, sem risco de erosão”, detalha Consoni.
A solução encontrada pela São Manoel foi manter a correção em área total em superfície, com preparo mínimo, dessecação e subsolagem, mas trabalhar a subsolagem com equipamentos que façam adubação do perfil, fazendo com que o adubo chegasse na segunda camada do solo, levando mais para baixo os nutrientes necessários.
Um dos maiores problemas da usina estavam na adubação de magnésio em sub superfície e a concentração de alumínio nas camadas mais profundas do solo.
“Para isso buscamos um tipo de equipamento que conseguisse aliar o preparo conservacionista, que mantem uma camada de proteção, mas que eu conseguisse também fazer a descompactação e levar o nutriente necessário para baixo, nas raízes. Então fazemos com que o óxido de cálcio e magnésio chegue na segunda camada, sem fazer incorporação como fazíamos tradicionalmente”, conclui Consoni.
Por Natália Cherubin