A Argentina poderá perder 5,5 milhões de toneladas da projeção inicial, totalizando 44,5 milhões de toneladas, cenário que seria amenizado caso voltem as chuvas
A semana passada foi marcada pela diminuição dos negócios de milho no mercado interno. Os produtores se mostraram com certa resistência em negociar, na expectativa de conseguir preços melhores nos próximos dias. Apesar disso, houve desvalorização das cotações do mercado físico. O cenário externo foi marcado por estabilidade, refletindo a melhora do clima na Argentina, fechando a sexta-feira valendo $6,77 por bushel (+0,15%) para o contrato de março/23.
De acordo com o especialista Ruan Sene, analista de mercado da Grão Direto, a volatilidade climática também reflete no valor do milho, onde a Argentina é o principal ponto de atenção. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) continua bastante pessimista em relação à produção do país da Argentina, onde apresentou mais uma semana de diminuição nos índices de lavouras em bom estado (de 7 para 5%). Além disso, o país poderá perder 5,5 milhões de toneladas, da projeção inicial, totalizando 44,5 milhões de toneladas. Esse cenário poderá ser amenizado se as chuvas previstas se confirmarem.
“O cenário brasileiro continua bastante otimista, acredita-se em um grande volume de milho para a segunda safra (safrinha 2023), que chegará ao mercado no fim do primeiro semestre, caso as condições climáticas sejam favoráveis. Em relação à safra atual (2022/23), o Rio Grande do Sul já iniciou os trabalhos de colheita, trazendo números desanimadores por conta da falta de chuvas. De acordo com a Emater-RS, no seu relatório semanal, apresenta perdas acima de 50% da projeção inicial em algumas regiões”, disse o analista.
Em relação às exportações, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) reportou, no último dia 16, um volume de 2,95 milhões de toneladas exportadas em apenas 10 dias úteis. Com isso, todo o volume de janeiro de 2022 já foi superado. Caso continue nesse ritmo, o Brasil poderá fechar o mês com recorde acima de 6 milhões de toneladas.
Mercado: mais oferta
O clima na América do Sul continuará sendo um fator muito importante diante da evolução do plantio e desenvolvimento das lavouras. Segundo Sene, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) projeta chuvas volumosas para todo o Brasil, com exceção do Rio Grande do Sul, que terá chuvas localizadas.
Na Argentina, o Serviço Meteorológico Nacional (SMN) sinaliza previsões de chuvas no cinturão produtor da Argentina, principalmente as províncias de Córdoba e parte de Buenos Aires, podendo favorecer a continuidade do plantio.
“Apesar da ausência da China nesta semana, o mercado possivelmente continuará aquecido nas exportações, atendendo países do Oriente Médio, África e Europa. Com a diminuição dos estoques brasileiros, o mercado interno deverá se fazer presente para garantir o suprimento a curto prazo, até o início da colheita”, disse Sene.
O otimismo de uma safrinha com grande produção deverá continuar nesta semana, diante da continuidade de clima favorável. Sendo assim, as cotações brasileiras poderão ter uma semana de desvalorização em relação à semana anterior, prevalecendo o cenário de otimismo de oferta no mercado.