Os contratos futuros de milho negociados nos Estados Unidos caíram para o nível mais baixo em quase três semanas nesta quinta-feira, 29, com as chuvas reforçando as perspectivas de produção no Meio-Oeste e os traders se preparando para a divulgação dos dados de área cultivada e estoques do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
Os preços ainda foram pressionados por um dólar mais forte, que tende a tornar os grãos dos EUA menos atrativos no mercado mundial. O contrato de milho mais ativo da Bolsa de Comércio de Chicago (CBOT), com vencimento em dezembro, caiu 8,25 centavos de dólar, indo a US$ 5,285 por bushel. Ao longo do dia, ele chegou a atingir US$ 5,2625, a menor cotação desde 9 de junho.
“O comércio desta manhã está focado na possibilidade de vermos os estoques de soja um pouco mais apertados, enquanto os estoques de milho podem surpreender para o lado altista”, escreveu o economista-chefe de commodities da StoneX, Arlan Suderman, em nota a clientes.
Em seu relatório semanal de exportação, o USDA estimou as vendas de milho da safra antiga na semana até 22 de junho em 140,4 mil toneladas, queda de 16% em relação à média das quatro semanas anteriores.
Enquanto isso, as tempestades cruzavam do leste de Iowa para Illinois, trazendo a umidade necessária para as plantações de milho em desenvolvimento. Cerca de 70% da produção de milho dos EUA foi afetada pela seca em 27 de junho, informou o USDA, acima dos 64% da semana anterior.
Uma série de tempestades de chuva previstas para as próximas duas semanas pode ajudar a estabilizar ou melhorar as condições das colheitas e recarregar a umidade do solo pouco antes do período crítico de polinização da safra de milho, no final de julho.
Por conta de cigarrinha, viés pode ser de baixa no Paraná
Enquanto isso, no Brasil, a previsão da segunda safra de milho do Estado do Paraná em 2022/23 foi mantida nesta quinta-feira, 29, em 13,8 milhões de toneladas, segundo avaliação mensal do Departamento de Economia Rural (Deral), mas há um viés de baixa para a produtividade do estado, que está começando a colheita.
Se confirmada a estimativa atual, a safra do segundo maior estado produtor de milho do Brasil poderia crescer 4% na comparação com a temporada passada, apesar de uma redução de área de 12% em 22/23, conforme números do Deral.
O aumento na safra se daria, portanto, com um crescimento na produtividade média para 5,71 toneladas por hectare, mas este número deve ser reavaliado. “O viés é de uma produtividade menor que a atual, pois o impacto da cigarrinha e estiagem vai refletir em produtividade menor”, disse o especialista em milho do Deral Edmar Gervásio, citando a seca, mas também uma das pragas que afetam as lavouras.
Segundo o especialista do órgão do governo do Paraná, quantificar a redução na produtividade ante o estimado neste momento é difícil. “Os relatos indicam que as perdas podem superar a 5% no cenário negativo. Contudo, neste momento, é meramente conjectura. É necessário que a colheita avance para ser possível confirmar”, afirmou.
Ele lembrou que os maiores volumes da colheita começam a acontecer nas próximas semanas. “Neste momento a colheita do milho é nas regiões mais frias e tem muito pouca plantação”, disse.