O governo brasileiro tem discutido a redução do imposto de importação do etanol com o objetivo de melhorar sua popularidade interna e pacificar as relações com os Estados Unidos. A proposta seria apresentar essa redução como uma contrapartida à cobrança de uma sobretaxa de 25% sobre aço e alumínio imposta pelos Estados Unidos, buscando uma exceção por parte do presidente americano, Donald Trump. Além disso, a redução também seria uma forma de evitar a sobretaxa sobre as exportações brasileiras de etanol e ajudar a reduzir o preço do combustível no mercado interno.
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, conforme reportagem de O Globo, agendou uma conversa com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. O etanol é um dos produtos exportados pelo Brasil que poderá receber uma tarifa de 18% ao chegar ao mercado americano, de acordo com a lógica da reciprocidade anunciada por Trump. Esse percentual é o que é cobrado na importação do álcool dos Estados Unidos, enquanto naquele país a alíquota é de 2,7%.
O tema também vem sendo discutido nas reuniões sobre os preços de alimentos no Brasil. O etanol, no país, tem como base a cana-de-açúcar. Preocupado com a queda de popularidade de Lula, o governo estuda formas de baratear os produtos ao consumidor para evitar o crescimento da inflação, uma vez que os valores elevados nas gôndolas dos supermercados afetam a popularidade do presidente.
Nesta sexta-feira, 28, o presidente se reuniu com ministros para tratar do assunto. De acordo com um interlocutor do governo, a avaliação geral foi de que, embora os preços estejam começando a cair, não se pode baixar a guarda. Estiveram presentes os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, além dos secretários da Fazenda, Dario Durigan e Guilherme Mello.
Na última quinta-feira, Fávaro e Teixeira tiveram reuniões separadas com segmentos como os de óleo de cozinha, açúcar, álcool e carnes. Segundo empresários ouvidos pelo Globo, o governo pediu que os produtores apresentem propostas para que os valores dos alimentos caíssem.
De acordo com fontes envolvidas na discussão, ainda não há decisões tomadas, e todas as opções estão sendo avaliadas, como a redução das tarifas de importação desses produtos e a criação de cotas para exportação. Esta última proposta gera divergências dentro do governo. O Ministério da Agricultura é veementemente contra, considerando que isso seria um “desastre” para o setor que tem gerado bons resultados para o país.
Técnicos do governo, entretanto, avaliam que não há “mágica” no curto prazo. Qualquer medida funcionaria mais como uma sinalização de que o governo está atuando para reduzir os preços do que como uma pressão efetiva para a queda. A avaliação é de que o aumento dos preços de alimentos é global, como exemplificado pela crise dos ovos nos Estados Unidos.