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Pedidos de RJ caem no setor canavieiro, mas proporção ainda é alta em relação às empresas ativas

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Embora tenha havido uma queda de 11%, setor sucroalcooleiro ainda se destaca entre os que apresentam a maior proporção entre as companhias em RJ em relação ao total de empresas ativas

O número de empresas que entraram em Recuperação Judicial no Brasil chegou ao seu maior índice do ano no 4° trimestre de 2024, com 285 companhias pedindo por RJ. Segundo dados estimados pelo Monitor da RGF, 6,5% das empresas em recuperação judicial pertencem ao setor agropecuário, proporção que vem aumentando nos dois últimos trimestres. Desse montante, 2,3% pertencem ao setor sucroalcooleiro, proporção que vem caindo desde o início do monitoramento (2º tri/2023).

A quantidade absoluta de companhias do setor canavieiro em RJ também vem caindo e apresentou queda de 11% ao longo de 2024, segundo levantamento realizado com exclusividade para a RPAnews pela consultoria RGF. Apesar da redução, o setor sucroalcooleiro ainda se destaca entre os que apresentam a maior proporção de empresas em recuperação judicial em relação ao total de empresas ativas.

Ao final do 4º tri/2024, de acordo com Hugo Cayuela, sócio da consultoria RGF,  4,2% das empresas em atividade do setor estavam em RJ, enquanto a média geral, considerando todos os setores, foi de apenas 0,2%. “Dentre as 107 empresas em recuperação no setor ao final do 4º tri/2024, 40% tem como atividade principal o cultivo de cana-de-açúcar, enquanto 60% estão dedicadas à fabricação”, disse.

Os setores analisados consideram empresas de cultivo de cana, como produtores rurais, e de fabricação açúcar e etanol, como as usinas. “Embora o CNAE principal diferencie empresas de fabricação de açúcar das que produzem álcool, na prática, essas empresas podem produzir ambos os produtos, com o foco variando conforme a estratégia e a infraestrutura adotadas”, disse Cayuela, que explica que, para realizar o levantamento, a classificação de setores é baseada no CNAE registrado como atividade econômica principal da empresa e os relatórios são elaborados considerando as matrizes de pequenas, médias e grandes empresas (universo de análise do Monitor RGF da Recuperação Judicial).

Aumento de custos e endividamento

Um dos motivos que tem levado as companhias do agronegócio a RJ, de acordo com Cayuela, são os desafios financeiros dos últimos anos, e no segmento canavieiro, especificamente, as recuperações judiciais têm sido impulsionadas pelo aumento do custo do endividamento e pela dificuldade de acesso a crédito competitivo de curto e longo prazo.

“Mesmo com a boa safra 2023/24 em termos de produtividade e rentabilidade, muitas empresas entraram nesse ciclo já fragilizadas por safras anteriores ruins e por dificuldades na gestão financeira, seja em estruturas profissionais enxutas ou de perfil familiar. Além disso, a necessidade de maior eficiência na alocação de capital tem exigido uma revisão criteriosa dos investimentos na lavoura e uma maior flexibilidade na conversão de Capex em Opex para preservar caixa em momentos de crise”, afirmou à RPAnews.

 

Para evitar a necessidade de recuperação judicial, o sócio e consultor da RGF, destaca que é essencial reconhecer os sinais de alerta e agir no momento certo. “A renegociação de dívidas, a busca por linhas de crédito e parcerias de trading mais competitivas e a conversão de Capex em Opex ajudam a aliviar a pressão financeira. Embora essa última medida possa ser difícil, especialmente quando envolve ativos como fazendas, pode ser decisiva para viabilizar a reestruturação e evitar o agravamento da crise”, adiciona.

No entanto, apenas ajustes financeiros não bastam. Segundo ele, é fundamental tratar a causa raiz da crise, com um processo estruturado de turnaround, garantindo, eficiência na gestão financeira e controle rigoroso sobre caixa e investimentos. “Isso inclui otimização de custos, estruturas mais enxutas, revisão de processos e renegociação de contratos e parcerias, além do desenvolvimento de competências para acesso a tradings renomadas e priorização de investimentos com melhor ROI e payback”, destaca Cayuela.

“Caso a RJ se torne inevitável, o timing da decisão e a preparação adequada aumentam as chances de sucesso, segundo ele. Um processo estruturado exige planejamento, garantindo que a empresa entre na RJ com alternativas viáveis e capacidade operacional preservada. Além da renegociação de passivos, a reestruturação deve focar na sustentabilidade do negócio no longo prazo, assegurando eficiência, competitividade e controle rigoroso sobre caixa e investimentos”, conclui Cayuela.

Natália Cherubin para RPAnews

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