Programa de eficiência operacional e redução de estruturas corporativas, poderá gerar economia nominal de R$ 500 milhões ao longo da safra para a companhia
A Raízen prevê moagem entre 72 e 75 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2025/26, já descontadas cerca de 2,5 milhões de toneladas referentes a ativos desinvestidos em novembro de 2024 e maio de 2025. A companhia divulgou nesta terça-feira (14) seu Plano Operacional e de Investimentos para o ano-safra com projeções que de crescimento e ganhos de eficiência.
Em teleconferência realizada nesta manhã, o diretor de relações com investidores da Raízen, Phillipe Casale, disse que a companhia está priorizando investimentos para recuperação dos canaviais afetados pelo clima seco e queimadas de 2024. “Muitas áreas não tiveram o resultado desejado mesmo após os investimentos de tratamento, com incidência de exaustão da cana em algumas localidades. Assim, nas regiões em que foi realizado um novo plantio, deve-se aguardar de 12 a 18 meses – a depender do tipo de cana – para retomar a produção habitual”.
A Raízen projeta um mix mais açucareiro, estimando que entre 52% e 54% da cana processada será destinada à produção de açúcar, em função da melhora na qualidade da matéria-prima. Além disso, a companhia anunciou um programa de eficiência operacional e redução de estruturas corporativas, com expectativa de gerar economia nominal de R$ 500 milhões ao longo da safra, o que deve impactar positivamente o EBITDA dos segmentos.
Em teleconferência, Rafael Bergman, CFO e diretor de Relações com Investidores, afirmou que esse ano ainda não é de redução de alavancagem. “Começamos essa jornada com uma alavancagem alta, então todo o foco está para a redução da dívida. Estamos falando de algum tempo para convergir os resultados para um patamar mais saudável que, historicamente, a Raízen operava”, disse ele que completou dizendo que a Raízen reconhece que o ponto de partida da estrutura de capital não está adequado, mas que espera uma melhora gradual em eficiência, no programa de investimentos e em redução do capex.
A empresa tem realizado vendas de ativos considerados não estratégicos, como a usina Leme, divulgado no início desta semana. As despesas de capital da companhia atualmente são, principalmente, dos investimentos nas usinas Vale do Rosário e Gasa, no valor de RS 1,1 bilhão, quase metade do capex. A companhia ainda espera para este ano a conclusão das despesas na Argentina e nos projetos de geração distribuída solar.
A Raízen destinou R$ 9,57 bilhões em investimentos no segmento de Etanol, Açúcar e Bioenergia (EAB) ao longo da safra 2024/25, valor 5,3% inferior ao realizado na safra anterior. Os aportes recorrentes — voltados à manutenção e operação — somaram R$ 6,15 bilhões, com leve alta de 3,5% frente a 2023/24. Dentro desse grupo, a principal linha foi a de produtividade agrícola (plantio e trato), que recebeu R$ 3,25 bilhões, representando crescimento de 1,4%. Também houve aumento em investimentos agroindustriais, segurança, saúde e meio ambiente, que totalizaram R$ 2,37 bilhões, alta de 7,9%.
Por outro lado, os investimentos classificados como expansão e projetos recuaram 17,8% no período, para R$ 3,42 bilhões. O item “Outros projetos” — que engloba áreas como irrigação e armazenagem — caiu 46,2%, passando de R$ 1,18 bilhão para R$ 636 milhões. O etanol de segunda geração (E2G) recebeu R$ 1,93 bilhão, com retração de 14,9%, enquanto os investimentos em energia elétrica somaram R$ 853 milhões, alta de 20,4% frente à safra anterior.
No comparativo trimestral entre janeiro e março, os investimentos totais no EAB foram de R$ 3,69 bilhões, queda de 11,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os aportes em expansão/projetos diminuíram 41,5% no trimestre, ao passo que os investimentos recorrentes cresceram 6,3%.
Na área de trading, a empresa informou a redefinição de seu escopo de atuação, com o objetivo de valorizar o açúcar de produção própria, otimizar o capital de giro, reduzir a exposição a riscos e suavizar a volatilidade dos resultados.
No segmento de distribuição de combustíveis no Brasil, a Raízen espera um crescimento de 2% a 3% nos volumes comercializados em relação à safra anterior, com manutenção das margens EBITDA ajustadas normalizadas. A companhia seguirá priorizando a oferta integrada da marca Shell em regiões estratégicas, reforçando sua posição no mercado por meio de eficiência logística.
Já na operação argentina, a companhia tem a expectativa de manutenção do ritmo de expansão da rede Shell e estabilidade nas margens EBITDA ajustadas em dólar, em linha com o desempenho registrado na safra 2024/25.
Natália Cherubin para RPAnews