O setor canavieiro brasileiro atravessa um momento de atenção. Após uma das maiores estiagens da história, somada a incêndios registrados em 2024 e chuvas irregulares no início de 2025, a produtividade dos canaviais do Centro-Sul sofre impacto direto. A projeção, segundo especialistas, é de uma quebra de safra entre 6% e 8% na temporada 2025/2026, na comparação com a safra anterior, que foi a segunda maior da história.
“O cenário é de canaviais atrasados, com desenvolvimento mais lento e falhas no stand, ainda não totalmente recuperados da longa estiagem. Alguns casos também foram afetados pelos incêndios de 2024 e pelas chuvas irregulares no primeiro trimestre de 2025. Este cenário gera certa preocupação, mas ainda há possibilidade de recuperação se o clima se mostrar favorável nos próximos meses”, explica Rui Pedro Simões, Representante Comercial Cana MG/GO da Netafim, empresa líder global em irrigação localizada.
O tema foi amplamente debatido no Canaplan 2025, evento que reuniu representantes do setor para discutir estratégias e desafios. Segundo Simões, além das perdas já projetadas, a expectativa é de que o atraso no desenvolvimento dos canaviais também cause impactos no início da colheita. “Isso deve aumentar os índices de florescimento e, consequentemente, gerar perdas na qualidade da cana, com maior formação de fibras esponjosas que dificultam o processo industrial”, alerta.
Para mitigar esses efeitos, o uso de tecnologias tem sido cada vez mais debatido. “Foram discutidas alternativas como irrigação, nutrição foliar, bioestimulantes, aminoácidos, além de inibidores de florescimento e maturadores, buscando assegurar a produtividade e a qualidade da matéria-prima”, complementa.
A irrigação na retomada da produtividade
Em meio às incertezas climáticas, a irrigação se apresenta como solução capaz de transformar o desempenho dos canaviais de forma rápida e consistente. “A irrigação é a única ferramenta que permite incrementos de produtividade acima de 50% de forma praticamente imediata. Porém, requer planejamento para o uso racional e sustentável dos recursos hídricos e energéticos”, afirma Simões.
A estratégia, segundo ele, passa por garantir que usinas e fornecedores consigam estruturar parte da área produtiva com irrigação. “Dessa forma, o planejamento de safra é otimizado, podendo-se iniciar a colheita nas melhores áreas e deixar a área irrigada para variedades médias e tardias, em solos mais restritivos.”
A tecnologia que vem se consolidando é o gotejamento subsuperficial, capaz de entregar máxima eficiência no uso de água, energia e fertilizantes, além de garantir alta produtividade e rápido retorno sobre o investimento. “Dentro desses sistemas, podemos destacar o monitoramento e operação remota de forma digital através da plataforma GrowSphere™ e a fertirrigação programável e automatizada, que são diferenciais importantes para o produtor”, ressalta.
Área irrigada de cana cresceu e TCH também
O avanço da irrigação na cultura da cana-de-açúcar é evidente. Dados de mercado levantados pela Netafim mostram que, nos últimos cinco anos, a área irrigada cresceu de forma consistente. “Hoje, o chamado ‘salvamento’ com canhões autopropelidos já soma aproximadamente 1,4 milhão de hectares. No gotejamento, são cerca de 50 mil hectares, e no pivô central, entre 60 e 70 mil hectares”, detalha o especialista.
O feedback dos produtores tem sido extremamente positivo. “Além de oferecer segurança diante das incertezas climáticas, a irrigação traz satisfação pelo patamar de produtividade alcançado e pelo aumento da longevidade do canavial”, aponta Simões.
Os resultados comprovam a eficiência da tecnologia da Netafim, com produtividades de cana de 12 meses expressivas em diversas regiões do país:
● Ribeirão Preto (SP): 180 TCH
● Pereira Barreto (SP): 180 TCH
● João Pinheiro (MG): 150 TCH
● Iturama (MG): 180 TCH
● Juazeiro (BA): 160 TCH
● São Miguel dos Campos (AL): 180 TCH
● Camutanga (PE): 180 TCH
“O mercado já entendeu que a resposta da cana à irrigação é muito positiva. Muitos grupos agora fazem planos diretores de irrigação e analisam estratégias para captação de recursos para o investimento. Entretanto, como toda nova tecnologia, a adoção é gradativa e o conhecimento sobre implantação e operação está se consolidando ano a ano. A Netafim é uma das responsáveis por fomentar e liderar essa transformação tecnológica”, reforça Simões.
Expectativas e próximos passos
O especialista destaca que a adoção do gotejamento no setor sucroenergético deve crescer ainda mais no segundo semestre. “Estamos vivenciando um novo olhar das unidades sucroenergéticas para a adoção desta tecnologia no Centro-Sul. Isso se deve à anos atípicos, com estiagem severa ou chuvas irregulares, além da necessidade de verticalização da produção, já que as áreas estão mais caras e menos disponíveis”, afirma.
A Netafim aposta em um pacote tecnológico robusto, testado e aperfeiçoado ao longo de anos no Brasil e no exterior. “Esse histórico é a base de conhecimento que suporta novos projetos, desde a concepção, instalação, monitoramento digital, manejo do canavial até a colheita. Além disso, oferecemos, por meio de parceiros, soluções financeiras para viabilizar o investimento”, finaliza Simões.
