A consultoria Hedgepoint Global Markets revisou sua estimativa para a safra 2025/26 no Centro-Sul, projetando produtividade acumulada de 76 t/ha e moagem de cerca de 605 milhões de toneladas de cana. “A safra 2025/26 parece se alinhar mais com anos em que houve recuperação na segunda metade, o que nos leva a acreditar em alguma melhora. Com base em nossos cálculos, o rendimento acumulado ainda pode chegar a 76 t/ha, resultando em aproximadamente 605 milhões de toneladas de cana”, afirma Lívea Coda, coordenadora de inteligência de mercado da empresa.
Apesar do volume, o ATR deve seguir abaixo das últimas safras, em torno de 136,4 kg/t. “Os valores mais baixos parecem estar intimamente ligados a questões de produtividade. Embora possa ocorrer alguma melhora junto com a recuperação da produtividade, comparações históricas sugerem um potencial de alta limitado”, avalia.
Mercado em julho e dados da Unica
Segundo Coda, julho foi marcado por fatores que impulsionaram o mercado: “Os preços do açúcar bruto recuperaram 65 pontos durante o mês, impulsionados pelas discussões tarifárias, pelo possível uso de açúcar na produção da Coca-Cola nos Estados Unidos, pelas atividades de licitação no Paquistão e por uma revisão para cima das importações da China”.
Ela lembra que os últimos dados da Unica mostram um cenário misto. “Embora os dados do final de junho continuassem refletindo um desempenho fraco, a primeira quinzena de julho mostrou volumes de moagem fortes”, afirma. Para a analista, essa “ambiguidade decorre principalmente do fato de que o ATR permanece abaixo das safras anteriores, enquanto o mix de açúcar continua a bater recordes, apesar das discussões anteriores sobre um possível desvio para o etanol”.
Com base nas informações quinzenais mais recentes, a diferença na produção de açúcar frente à safra 2024/25 caiu de 14,2% para 9,2%. Na Índia, a primeira estimativa indica alta de 18% na produção bruta, alcançando 34,9 milhões de toneladas.
Clima, produtividade e revisão do mix
“No final de 2024, prevíamos que a nova safra superaria a anterior, especialmente devido às chuvas favoráveis entre outubro e janeiro, período crítico para o desenvolvimento da cana. No entanto, agora, parece que os efeitos prolongados dos incêndios do ano passado e o início seco de 2025 afetaram negativamente a cana moída durante a primeira parte da safra”, diz Coda.
Ainda assim, ela vê sinais de reação: “Analisando o Índice de Saúde da Vegetação (VHI), observamos que, à medida que a moagem ganhou impulso, o índice começou a apresentar resultados significativamente melhores. Isso pode sugerir que a cana ainda a ser moída poderá apresentar resultados mais sólidos daqui para frente”.
A Hedgepoint identificou paralelos com as safras 2012/13, 2015/16 e 2022/23, que tiveram início lento e recuperação acentuada. “Enquanto a média de 13 anos mostra que cerca de 50% da cana da safra é moída até o fim de julho, a média para esse grupo foi de apenas 46%”, explica.
O mix de açúcar também foi revisto. “Os últimos relatórios da Unica já indicavam que nossa estimativa anterior, de 51,2%, parecia muito conservadora. Dados os preços atuais e a dificuldade de mudar a produção, revisamos para 52%”, diz.
Essa mudança deve apertar estoques de etanol. “Não de forma crítica, mas o suficiente para sugerir preços mais altos no período de entressafra, o que poderia reduzir a demanda e dar suporte adicional aos preços do açúcar”, afirma.
Com isso, a previsão de produção de açúcar caiu cerca de 650 mil toneladas, para 40,9 milhões, e as exportações foram ajustadas para 31,9 milhões de toneladas. “O excedente fica um pouco menos forte, contribuindo para um nível de preço acima de 16 centavos de dólar por libra-peso”, conclui.
