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Da cana-de-açúcar à Faria Lima: O esquema do PCC para lavar dinheiro

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A megaoperação deflagrada pela Polícia Federal (PF), pela Receita Federal e pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) nesta quinta-feira, 29, considerada pelos órgãos como a maior investida contra o crime organizado da história, mobilizou 1,4 mil agentes contra 350 alvos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

A investigação aponta que a organização criminosa movimentou R$ 140 bilhões em um complexo esquema de adulteração de combustíveis e ocultação de patrimônio que se irrigava por oito estados, centenas de postos de gasolina e tinha seu bastião econômico no coração financeiro do país.

O dinheiro era aplicado principalmente em fundos de investimento via fintechs sediadas na Faria Lima, em São Paulo, endereço onde 42 mandados foram cumpridos.

“Percebemos uma invasão do crime organizado na economia real e no mercado financeiro. Isso é de extrema relevância porque, além da questão concorrencial, existe uma questão de você não separar o que é legítimo e o que é ilegítimo”, disse a subsecretária de fiscalização da Receita Federal, Andrea Chaves.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, considera que os achados da investigação até o momento são apenas “a ponta do iceberg”, já que os materiais apreendidos podem revelar novos grupos envolvidos no esquema.

A força-tarefa cumpriu mais de 400 mandados de buscas e apreensões, e agregou três operações: Quasar e Tank, da PF, e Carbono Oculto, do Ministério Público do estado de São Paulo (MP-SP).

As medidas judiciais levaram ao bloqueio e sequestro de mais de R$ 3,2 bilhões em bens e valores. Ao todo, 141 veículos, 192 imóveis e duas embarcações foram apreendidos. Já 41 pessoas físicas e 255 empresas tiveram os recursos bloqueados, incluindo a suspensão imediata de 21 fundos de investimento.

Dos 14 alvos de prisão preventiva, porém, apenas seis foram encontrados. A PF agora apura se houve vazamento de informações da operação aos investigados. Eles são suspeitos de crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, lavagem de dinheiro, fraude fiscal, estelionato e crimes ambientais.

Da plantação de cana à bomba de combustível

Segundo os órgãos, o PCC se infiltrou em toda a cadeia de produção, distribuição e comercialização de combustíveis do país, desde a plantação de cana-de-açúcar até a adulteração da gasolina na bomba e ocultação do patrimônio via mercado financeiro.

Mais de mil postos de combustíveis em dez estados foram identificados como parte das fraudes, mas o setor estima que, só em São Paulo, foram ao menos 2,5 mil estabelecimentos cooptados, o equivalente a 30% do total do estado.

“Encontramos fracionamento de depósito, empresas de fachada, intermediadoras e operadoras financeiras, coleta de dinheiro, contas-bolsão, adulteração e fraude na venda de combustíveis”, disse o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.

Segundo Andrea Chaves, a facção criminosa passou a comprar usinas, fazendas de cultivo de cana, postos de combustíveis e transportadoras. Muitas aquisições eram fechadas por meio de ameaças, em negócios à vista e em dinheiro, o que chamou atenção do setor e levou a denúncias ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco).

De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quatro refinarias também estavam à disposição dos criminosos, além de 1,6 mil caminhões para transporte.

Além de comandar a produção no campo, o PCC também passou a importar irregularmente o metanol, que chegava pelo Porto de Paranaguá, no Paraná. O produto entrava no país com destino a empresas químicas, mas era desviado e levado para usinas onde seria misturado com etanol e gasolina para abastecer os postos do esquema.

O transporte da substância inflamável e tóxica também era feito de forma irregular e por meio de documentos que escondiam o real produto levado na caçamba.

*Deutsche Welle 

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