Os preços do açúcar registraram forte queda pelo segundo dia consecutivo nesta quarta-feira (8), com destaque para o açúcar de Londres, que atingiu o menor nível em duas semanas. O movimento de baixa reflete, em grande parte, uma reversão iniciada na terça-feira, quando a Covrig Analytics projetou um superávit global de açúcar de 4,1 milhões de toneladas (MMT) para a safra 2025/26.
O contrato de açúcar bruto com vencimento em março de 2026 caiu 0,34 centavo de dólar, ou 2%, para 16,29 centavos de dólar por libra-peso. Por sua vez, o contrato mais ativo do açúcar branco perdeu 1,6%, para U$ 450,70 por tonelada.
Na terça-feira, os preços chegaram a subir momentaneamente em Nova York, alcançando a maior alta em 1,75 mês, impulsionados por dados que apontavam menor teor de açúcar na cana moída no Brasil. De acordo com a Unica, o teor de açúcar na cana processada na região Centro-Sul na primeira quinzena de setembro caiu para 154,58 kg por tonelada, ante 160,07 kg/t no mesmo período do ano passado.
Apesar da queda no teor de açúcar, a produção brasileira segue elevada, o que exerce pressão negativa sobre os preços. Na mesma quinzena, a produção de açúcar no Centro-Sul do Brasil aumentou 15,7% na comparação anual, totalizando 3,622 milhões de toneladas (MT). Além disso, a proporção de cana destinada à fabricação de açúcar pelas usinas brasileiras na segunda quinzena de agosto subiu para 53,49%, frente aos 47,74% registrados no ano anterior.
Por outro lado, no acumulado da safra 2025/26 até meados de setembro, a produção de açúcar na região apresentou leve queda de 0,1% em relação ao mesmo período do ano passado, somando 30,388 MMT.
No cenário internacional, as perspectivas de aumento nas exportações de açúcar pela Índia também contribuem para a pressão baixista nos preços globais. As chuvas de monção acima da média no país asiático devem resultar em uma safra robusta. Segundo o Departamento Meteorológico da Índia, até 30 de setembro, o acumulado das chuvas de monção chegou a 937,2 mm — 8% acima da média e o maior volume dos últimos cinco anos.
Diante desse cenário climático favorável, a Federação Nacional das Cooperativas de Fábricas de Açúcar da Índia projeta uma produção de açúcar de 34,9 milhões de t para a temporada 2025/26, um aumento de 19% em relação ao ano anterior. Esse avanço vem após uma queda expressiva de 17,5% na produção indiana em 2024/25, que levou o país a registrar seu menor volume de açúcar em cinco anos, com 26,2 milhões de t, segundo dados da Associação Indiana de Usinas de Açúcar (ISMA).