As exportações do agronegócio brasileiro totalizaram US$ 15,6 bilhões em agosto de 2025, uma queda de 8,3% em relação a julho, mas ainda 1,5% superior ao mesmo período do ano anterior, de acordo com relatório divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O desempenho reflete a sazonalidade de alguns produtos, como a soja, que começou a recuar após pico de embarques, e os primeiros efeitos concretos do aumento de tarifas impostas pelos Estados Unidos, que impactaram especialmente produtos como café, carnes e produtos florestais.
O complexo sucroenergético apresentou comportamento misto em agosto. As exportações de etanol cresceram 15% em volume na comparação anual, totalizando 187 mil m³. No entanto, o preço médio recuou 7,5%, ficando em US$ 523,6/m³.
Já o açúcar VHP registrou queda de 5,4% no volume exportado em relação a agosto de 2024, com 3,3 milhões de toneladas vendidas a US$ 396,6/t – valor 12% inferior ao do ano anterior. O açúcar refinado, por sua vez, teve alta de 3% no volume (447,2 mil t), mas com preço 16% menor, cotado a US$ 452,4/t.
No acumulado de janeiro a agosto de 2025, as exportações de açúcar bruto somaram 17,6 milhões de toneladas, uma retração de 17% ante o mesmo período de 2024, com preço médio 10% menor. O etanol, por sua vez, acumula queda de 18% em volume, mas com leve alta de 2% no preço.
Soja e proteínas animais seguem em destaque
A soja em grão registrou embarques recordes para o mês de agosto: 9,3 milhões de toneladas, alta de 16% em relação a 2024, impulsionadas pela demanda chinesa, que absorveu 85% do total. O preço, no entanto, caiu 4,4%, para US$ 415,4/t.
No segmento de proteínas, a carne bovina atingiu volume histórico para agosto: 269 mil t, alta de 24% ante 2024, com preço médio de US$ 5.600,47/t – valor 26% superior ao do ano anterior. A carne de frango e a suína tiveram desempenho mais moderado, com volumes praticamente estáveis e preços em queda na comparação mensal e anual.
Impacto das Tarifas dos EUA
Pela primeira vez, os dados de agosto refletem claramente o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos. As exportações para o país caíram 18,5% em relação a agosto de 2024 e recuaram US$ 1 bilhão frente a julho de 2025.
Do total exportado para os EUA (US$ 2,8 bilhões), apenas 28% correspondem a produtos do agronegócio. Entre os mais afetados estão produtos florestais, café e carnes bovinas. A relação bilateral segue tensa, sem sinais de aproximação no curto prazo, o que deve manter as incertezas sobre o comércio entre os dois países.
Outros Produtos em Destaque
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Milho: alta de 13% no volume em relação a agosto de 2024, com 6,8 milhões de toneladas exportadas;
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Café verde: queda de 31% no volume, mas preço 47% maior;
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Algodão: recuo de 31% no volume e 9% no preço;
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Celulose: alta de 36% no volume, mas preço 33% menor.
O relatório do Itaú BBA destaca que agosto foi o primeiro mês a refletir integralmente as tarifas norte-americanas, e recomenda acompanhamento cuidadoso dos próximos meses para avaliar tendências. “Olhando à frente, a relação bilateral segue marcada pelo distanciamento entre os governos, sem sinais concretos de aproximação. As negociações ainda seguem em um ritmo mais lento, o que dificulta a obtenção de novas exceções tarifárias no curto prazo, prolongando a incerteza e mantendo os operadores em alerta. Vale lembrar que agosto foi o primeiro mês em que as tarifas tiveram impacto efetivo, sendo fundamental acompanhar o comportamento dos embarques
nos próximos meses”, disseram os analistas do banco em relatório.