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Açúcar: mercado sucroenergético precisa ter cautela

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Açúcar: até final de abril 19,2 milhões de t já estavam fixadas

A percepção de risco global impulsionada pela fraqueza da economia chinesa levou a uma onda de vendas no mercado de commodities já no primeiro dia da semana passada. O açúcar foi especialmente atingido consolidando uma queda de 80 pontos na última semana, chegando a 17,8c$/lb. Essa tendência, combinada com o anúncio da Saudi Aramco de que estava pronta para aumentar a produção de petróleo para 12 milhões de barris – caso fosse aprovado em seu país – levou a uma queda no complexo de energia mundial, o que empurrou o piso do açúcar para um nível ainda mais baixo.

Em função disso, a hEDGEpoint Global Markets, companhia especializada em gestão de riscos e hedge de commodities tem recomendado cautela ao mercado sucroalcooleiro. “Embora chuvas tenham sido observadas na Europa nesta semana, ainda não está claro se foram suficientes para a recuperação da beterraba. Os custos mais altos na região também podem suportar o aumento de preços”, indica a analista de Açúcar e Etanol da empresa, Lívea Coda.

Ao mesmo tempo, de acordo com a analista, as preocupações com a próxima safra do México e da Índia estão aumentando, enquanto o último relatório da Conab confirma tendências de menor área e açúcar e mostra uma produção total de 33,89 milhões de t, sendo apenas 30,7 milhões de t do Centro-Sul. Mesmo assim, as nomeações do açúcar brasileiro continuam fortes, assim como o prêmio FOB santos e o do branco, indicando demanda.

Durante a última semana, os indicadores de movimento direcionais mostraram a evolução de uma tendência de baixa. Com um ADX (indicador de força de tendência) de quase 30 pontos, pode-se interpretar que, sem nenhuma notícia altista, essa tendência pode persistir.

A produção industrial da China ficou abaixo das expectativas do mercado, assim como as vendas no varejo e o investimento urbano.  Além disso, tanto o WTI quanto o Brent caíram cerca de 3% no início da semana passada. Ao mesmo tempo, a Petrobras anunciou a redução dos preços da gasolina C no Brasil, empurrando o piso do açúcar ainda mais para baixo; o hidratado B3 em açúcar equivalente, considerando Cbios, também caiu.

“Isso reforça nossa última discussão: o mix de açúcar pode subir à medida que as usinas observam mais de 300 pontos de diferença entre o adoçante e o biocombustível. Além disso, a menor demanda de açúcar da China – números de importação reduzidos em julho (-35% A/A), e algumas chuvas previstas na Europa reforçaram a baixa do mercado. No entanto, devemos manter a cautela”, afirma a analista da hEDGEpoint.

Assim como os preços mais baixos na bomba podem aumentar a demanda brasileira de combustível, os efeitos da onda de calor e da seca na Europa ainda não estão claros. Sendo assim, de acordo com a analista, estimativas mostram que até o final do mês a precipitação deve ser abaixo da média, principalmente na França.

“Não apenas isso, mas os custos de produção mais altos poderiam sustentar os preços. Segundo a CIBE (Confederação Internacional dos Produtores de Beterraba da Europa), apenas os fertilizantes são responsáveis por um aumento de 20 a 25% nos custos da beterraba sacarina em 2022, e somados a eles temos o custo de energia, em especial do gás natural, que afeta direta mente os custos de processamento”, afirma.

Enquanto isso, a menor disponibilidade do adoçante nos EUA e a tendência crescente de seu consumo levaram o México a aumentar suas exportações para o país norte-americano. Isso também pode ser visto como altista, pois a recente falta de chuvas no país chamou a atenção do mercado uma vez que pode impedir que a produtividade agrícola atinja o nível de 21/22, 0 que significaria uma menor produção.

“Pode-se também argumentar que a Índia atingirá o recorde de 11,2 milhões de t de exportação, e isso significa uma disponibilidade baixista no curto prazo. No entanto, os estoques finais serão menores do que 3 meses de consumo. Isso, por sua vez, adiciona um teto às exportações na próxima temporada. Não só isso, mas Uttar Pradesh tem enfrentado monções abaixo da média, enquanto Maharashtra sofre com o oposto: inundações”, disse a analista.

Por Natália Cherubin

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