Mesmo que na primeira semana de 2022 os preços do açúcar tenham se desvalorizado para níveis próximos a cUSD 18/lp, fechando na segunda, 10, em 17,83/lp, uma queda de 9,5% comparado com o observado em dezembro, quando os preços permaneceram quase todo mês acima dos cUSD 19/lp, a perspectiva é de que ele se mantenha nos patamares do final do ano, segundo estimativa do Itaú BBA.
A desvalorização na primeira semana do ano parece ter sido influenciada, de acordo com os especialistas do Itaú BBA, por movimentos macroeconômicos como, por exemplo, a expectativa de uma aceleração da redução dos estímulos monetários nos EUA.
“Neste momento, os preços estão descolados dos fundamentos com estimativa de déficit no balanço global de O&D, e também da valorização das cotações do petróleo neste período”, explicam os analistas do banco.
Na safra indiana, a produção de açúcar, segundo dados do ISMA (Associação das Usinas Indianas), totalizou 11,5 milhões de toneladas até o final de dezembro, alta de 4,3% no comparativo com o mesmo período da safra anterior.
A safra na Europa também tem apresentado melhora na produtividade das beterrabas, principalmente com o uso emergencial dos neonicotinóides permitido em alguns países para a safra 2021/22 (out/21-set/22).
Segundo estimativa da Comissão Europeia, a produção será de 15,7 milhões de toneladas, alta de 7% comparada com a safra anterior. Por fim, na Região Centro-Sul de acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), a safra até a 1ª quinzena de dezembro, com poucas usinas em operação, atingiu a moagem de 521 milhões de toneladas de cana processadas, e a produção de açúcar de 32 milhões de toneladas, redução de 16,1% comparado com o mesmo período da temporada anterior.
Segundo o Itau BBA, para o mês de janeiro, diante do ambiente mais favorável aos rendimentos dos títulos do Tesouro americano com a sinalização de aumento de juros nos EUA antecipado para março, poderá haver uma pressão sobre as commodities em geral, fazendo com que os fundos especulativos liquidem suas posições compradas. Neste cenário, os preços do açúcar podem continuar perdendo força.
Contudo, do lado dos fundamentos, mesmo com as safras do Hemisfério Norte apresentando produções acima da temporada anterior, o balanço de oferta e demanda continua em déficit, o que sugere que os preços poderão retornar aos patamares do início de dezembro.
No caso da safra indiana, embora a produção até o final de dezembro tenha apresentado alta de 3,4% comparado com o ciclo anterior, é valido destacar que nesta safra o volume estimado de açúcar a ser direcionado a produção de etanol também é maior, totalizando 3,4 milhões de toneladas do adoçante.
“Além disso, a produção de açúcar ainda será maior do que o consumo do país, o que colocará volume no mercado internacional, e para que seja viável a exportação sem subsídios, os preços devem permanecer entre cUSD 20- 21/lp.
No Brasil, na região Centro-Sul, o foco do mercado açucareiro está na previsão climática dos próximos meses no cinturão canavieiro. A distribuição das chuvas dos últimos meses foi bastante dispersa nas regiões, além disso as precipitações do primeiro trimestre são cruciais para o desenvolvimento da cana da safra 2022/23.
“É válido ressaltar que mesmo que as chuvas do primeiro trimestre estejam dentro da normalidade, a cana da próxima temporada carrega os impactos climático da seca e da geada do ano anterior, como atraso no desenvolvimento da planta e falhas no canavial causada por essas intempéries climáticas”, adicionam os especialistas do Itaú BBA em relatório mensal.