O chanceler alemão Friedrich Merz enviou uma carta a Bruxelas nesta sexta-feira, 28, para instar a Comissão Europeia a aliviar a proibição de novos carros com motor de combustão a partir de 2035, argumentando que as montadoras precisam de mais flexibilidade na mudança para veículos elétricos.
Merz, um conservador aliado da indústria automobilística, diz que o cronograma para a eliminação gradual dos motores de combustão não é realista, enquanto fabricantes enfrentam a forte concorrência da China e a adoção de veículos elétricos está mais lenta do que o esperado.
Seus parceiros de coalizão, os social-democratas, estão divididos, mas na quinta-feira o governo concordou em buscar isenções para híbridos plug-in e motores de combustão altamente eficientes.
Depois de fechar o acordo em Berlim, Merz enviou uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enfatizando a importância de apoiar o setor automobilístico, uma vez que ele está passando por uma dispendiosa transição para os veículos elétricos enquanto luta contra tarifas, choques na cadeia de suprimentos e forte concorrência externa.
“Nosso objetivo deve ser uma regulamentação de CO2 neutra em termos de tecnologia, flexível e realista que atenda às metas de proteção climática da UE sem prejudicar a inovação e a criação de valor industrial”, escreveu Merz na carta, vista pela Reuters.
Fazendo eco aos apelos do setor, Merz disse que os híbridos plug-in e os veículos com “extensor de autonomia” devem desempenhar um papel na transição, assim como os biocombustíveis e os esforços para reduzir as emissões na produção, por exemplo, com o uso de aço verde, que é produzido com energia renovável.
Braço executivo da UE, a Comissão deverá anunciar metas atualizadas de emissão de carbono para o setor automotivo em 10 de dezembro.
Antes dessa data, montadoras como a Volkswagen, a Mercedes e a BMW têm feito lobby por tecnologias de transição enquanto se deparam com uma aceitação mais lenta do que o esperado de veículos elétricos na região.
O lobby automotivo VDA, da Alemanha, recebeu bem a pressão de Berlim por isenções. “Essa é uma boa notícia para a indústria automotiva e suas centenas de milhares de funcionários”, disse a presidente da VDA, Hildegard Mueller.
Já o grupo de campanha Transporte e Meio Ambiente (T&E) criticou a medida, afirmando que Berlim estava se apegando a uma tecnologia ultrapassada. “Qualquer um que pense que a Alemanha será capaz de garantir empregos e criação de valor no futuro com a tecnologia de motores de combustão, que já está ultrapassada hoje, está deliberadamente fechando os olhos para a realidade”, disse o chefe da T&E na Alemanha, Sebastian Bock.
Pedir às grandes corporações que eletrifiquem 75% de seus carros novos em 2030, com requisitos “made-in-EU”, poderia levar a um adicional de 1,2 milhão de veículos elétricos produzidos localmente até o final da década, de acordo com pesquisa da T&E vista pela Reuters.
Parte da revisão das metas de carros elétricos da Comissão tem como objetivo impulsionar a adoção de veículos de emissão zero em frotas corporativas, que representam de 50% a 60% de todas as vendas de carros novos.
Reuters|Sarah Marsh e Rachel More
Com reportagem adicional de Thomas Seythal, Andreas Rinke e Philip Blenkinsop

