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Apesar da melhora do ATR, produtores de cana sofrem com alto custo de produção

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Na reta final da safra 2019/20, os produtores de cana observam um valor de ATR melhor do que nos últimos anos, no entanto, de acordo com a Orplana (Organização das Associações dos Produtores de Cana do Brasil) e a Socicana (Associação dos Produtores de Guariba), o custo de produção da cana-de-açúcar ainda é maior o maior desafio para os fornecedores.

Após seca entre dezembro e janeiro de 2019, as chuvas subsequentes favoreceram o desenvolvimento das culturas, e as condições climáticas contribuíram para uma colheita melhor.

Segundo Celso Albano de Carvalho, gestor executivo da Orplana, foi uma safra tardia, com área de produção concentrada e menor. Ocorreram geadas em algumas regiões, incêndios e chuvas excessivas em outras, ou seja, a cultura passou por muitas variáveis.

“As chuvas acabaram favorecendo a região Nordeste, prejudicando a região Centro-Sul, com produção reduzida, mas maior concentração de açúcares por tonelada de cana-de-açúcar. Deve-se destacar também que houve atraso fisiológico no desenvolvimento das brotações, chuvas abaixo da média da precipitação”, comenta.

Para Bruno Rangel, presidente da Socicana, a safra 2019/20 foi uma surpresa em relação a produtividade. “Começamos com um verão em 2019 com poucas chuvas e pouca umidade, mas depois a chuvas corrigiram a produtividade dos canaviais. Enxergamos nos nossos produtores uma melhora significativa da produtividade dos canaviais.

Cana mais cara

Apesar de que em algumas regiões houve uma maior concorrência pela disputa da cana do fornecedor, devido a estimativas mais baixas de produção, o fator financeiro ainda é o que pesa para os produtores.

“O custo da produção de cana-de-açúcar é maior em mais de 19% e acumula-se a cada ano. A atividade antieconômica vem promovendo a migração da terra para a produção de soja ou milho. Os custos e margens crescentes para o produtor permanecerão estreitos, tendendo a diminuir a área de produção”, afirma Albano.

Rangel concorda. “Os custos de produção continuam muito altos. Na safra 2019/20, os produtores utilizaram muitos defensivos agrícolas para controle de pragas e doenças. Os preços do ATR não ajudaram. Saímos de uma safra relativamente melhor, mas ainda com preços ruins em 2019/20”.

Valor do ATR teve melhora, mas defasagem ainda existe

O valor do ATR vem sendo ruim nas últimas três safras, mas em 2019/20, puxado pelo etanol e, agora, pelo preço do açúcar no mercado internacional, teve ligeira melhora.

Só para se ter uma ideia, na safra 2017/18 o valor do ATR fechou em R$ 0,5901, em 2018/19 em R$ 0,5826 e na safra 2019/20, até o momento, está R$ 0,64 por kg. “Acreditamos que em 2020 teremos um ano de preços melhores”, diz Rangel.

Mesmo assim, o gestor executivo da Orplana destaca que ainda existe uma defasagem entre 14% e 19% em relação ao conceito de participação da matéria-prima cana no componente de formação de preço Consecana. No entanto, existem mecanismos de compensação em algumas regiões que deverão se intensificar mais a partir de 2020.

“Para as usinas, associações e produtores que chegarem a um consenso sobre esta defasagem, os benefícios financeiros que trazem a cana do produtor independente e buscarem implantar os Termos da Atualização do Modelo Consecana, assinado em 25/03/2019, haverá melhoria na remuneração deste produtor”, observa Albano.

Consecana atualizado

No Termo de Atualização do Consecana, assinado em 23/08/2019, buscou-se fazer alguns ajustes regionais entre indústrias e produtores. E, de acordo com o gestor executivo da Orplana, é possível notar as melhorias em quatro pontos:

  1. Prêmio pela Qualidade da Matéria-Prima – Implantação Imediata: Já se verificam ganhos em até 2,76% de acréscimo sobre o Preço do ATR;
  2. Prêmio Meritocracia (Fidelidade Contratual, Assertividade da produção): Vários Grupos Industriais, a Orplana e Associações estão iniciando análises sobre como implantar uma remuneração variável conforme sugere esta Circular;
  3. Inserção das disposições da Lei da RenovaBio no Consecana: 

    1)Foi constituido um Grupo de Estudo entre Profissionais da Orplana e da Unica para apresentarem a metodologia de apuração do “direito do produtor de cana independente sobre o CBIO originado pela sua produção”; 2)correrá uma maior busca pela eficiência produtiva por hectare;

  4. Desenvolvimento integrado entre Unica e Orplana pelo Associativismo e Adequações Regionais: 2020 será um ano de muita peregrinação da Orplana junto às Associações e Indústrias apresentando este novo modelo de Remuneração na sua essência e esclarecendo muito, de forma a serem montadas “ilhas” de adequações regionais.

 Atuação de associações é fundamental para o produtor

Muita coisa vem sendo mudada e transformada junto às associações e aos próprios produtores ao longo dos últimos anos. Segundo Albano, desde o momento em que a Orplana iniciou a implantação de um Modelo Novo através de um Planejamento Estratégico pautado na Visão 2015 – 2025, as mudanças vem sendo observadas gradativamente.

Celso Albano - gestor executivo Orplana

Segundo Albano, desde o momento em que a Orplana iniciou a implantação de um Modelo Novo através de um Planejamento Estratégico pautado na Visão 2015 – 2025, as mudanças vem sendo observadas gradativamente.

“Todos os projetos propostos se juntaram em três Macro Programas: O SegmentaCANA que é a base para entender melhor as diferenças entre produtores e entre as associações, podendo então atender melhor a cada segmento específico; O Fórum da Cana que traz ao produtor e sua associação, através do CANATube, a oportunidade de interagir com temas conjunturais e afetam sua atividade e o MUDA CANA, que é um Programa transformador junto aos Produtores e Associações”, destaca o gestor executivo da Orplana.

No Tema Consecna, a Orplana iniciou um programa intensivo de seminários em todas as suas associações membros, buscando disseminar a metodologia do Termo de Atualização e formalizar estratégias de negociação entre Indústrias e Produtores por meio de Comitês de Negociação.

A próxima ação da entidade representante dos produtores é implantar o MUDA CANA em todas as associações vinculadas à Orplana, disseminar o conceito novo de Consecana regionalizado, adaptado ao RenovaBio e buscando reconhecimento pela eficiência produtiva e qualidade. “Queremos trazer conhecimento através do CANATube e buscar entender melhor os segmentos para atender melhor”, adiciona Albano.

Rangel destaca que a atuação da Socicana tem sido fundamental não só para a orientação e capacitação dos produtores, mas também para as questões de relacionamento com as usinas. “Na parte de fiscalização de laboratório, nas discussões relacionadas aos Consecana ou todos os outros temas que envolvem a produção da cana, a associação vem fazendo um papel fundamental na defesa dos produtores”, salienta.

Para 2020/21 a Socicana acaba de fazer um planejamento estratégico, no qual traçou seus passos para os próximos cinco anos. “Temos uma linha de trabalho definida para que o próximo presidente possa tocar o projeto com a diretoria que foi escolhida. Esse é meu último ano com presidente, por força estatutária. Sou obrigado a deixar o cargo e faço isso com muita alegria, pois devemos ser guardiões do novo modelo de governança e acredito que o próximo presidente levará o nome da associação de forma sustentável e produtiva”, concluiu Rangel.

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