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Aumento da mistura: Brasil deverá produzir 9 bilhões de litros de biodiesel em 2024
O Brasil deverá produzir o maior valor registrado de produção de biodiesel em 2024, atingindo 9 bilhões de litros este ano. Os dados são do Itaú BBA e levam em consideração um aumento de 2% no consumo do combustível, que já começa este ano por um processo de aumento na sua mistura.
No dia 19 de dezembro, o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) decidiu por antecipar o cronograma de aumento de mistura de biodiesel, previsto para chegar ao B15 (15% de mistura) em 2026, com aumento de 1% ao ano a partir de 2023.
O aumento continua gradual, entretanto, a partir do início de março de 2024 o mandato para 2024 será de 14%, e não mais de 13% conforme determinado em março de 2023. Além disso, a mistura obrigatória será de 15% a partir de março de 2025, adiantando assim o cronograma anunciado no começo do ano.
Além disso, na última reunião, o CNPE suspendeu a medida que regulamenta as importações de biodiesel, anunciada em novembro de 2023 pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). O conselho decidiu por avaliar a possibilidade da entrada de biodiesel estrangeiro no país, dessa forma realizará estudos de viabilidade das importações.
Projeções do consumo de biodiesel
De acordo com o histórico da ANP, de produção de biodiesel e o acumulado até novembro de 2023, os especialistas do Itaú BBA estimaram a produção até o fim de 2023 e, também, para o ano de 2024 a partir do novo mandato.
“Para simularmos a produção de biodiesel em 2024, consideramos um crescimento de 2% no consumo de diesel frente ao registrado até outubro de 2023 mais as estimativas para os últimos meses do ano. Com base no aumento da mistura, projetamos uma produção de 9 bilhões de litros de biodiesel para 2024, sendo esse o maior valor já registrado”, explicam os analistas do banco.
Impactos para o balanço brasileiro de óleo de soja
O relatório do Itaú BBA ainda mostra que a demanda pelo óleo de soja no ano de 2023 foi sustentada pela indústria de biodiesel, levando em conta que o produto representa em torno de 70% de participação das matérias-primas empregadas na produção do biocombustível brasileiro. De acordo com a ANP, até novembro de 2023, foram utilizadas 4,5 milhões de toneladas de óleo de soja para a produção de biodiesel.
As exportações brasileiras, no acumulado até novembro de 2023, foram um pouco menores em relação a 2022 (4% a menos), mesmo com o aumento do esmagamento (5,7% – dados até out/23), muito por conta do incremento da demanda doméstica pela indústria do biodiesel.
“Considerando então as nossas estimativas de 9 bilhões de litros de produção de biodiesel no ano de 2024, o consumo de óleo para geração do biocombustível deve crescer em 1 milhão de toneladas frente a 2023, o que demandaria um crescimento de 5 milhões de toneladas de consumo da soja em grão para atendimento da indústria de biodiesel”, afirmam os analistas do Itaú BAA.
As estimativas do banco para a safra de soja 2023/24 foram atualizadas para 153 milhões de toneladas. Entretanto, mesmo com a menor disponibilidade interna da soja em grão, os especialistas dizem que acreditam que os níveis de esmagamento não devem reduzir em relação às estimativas de 2023.
A Associação Brasileira de Óleos Vegetais (ABIOVE) projeta para 2024 o processamento de 54,5 milhões de toneladas de soja, o que geraria uma oferta de 11 milhões de toneladas de óleo no mercado doméstico, suficiente para atender a demanda interna de outros setores mais o crescimento do consumo para o biodiesel.
“Ademais, as exportações da soja tanto em grãos quanto em relação ao óleo devem reduzir em relação a 2023. Para os grãos pode ser necessário limitar parte das exportações para atender a demanda da indústria esmagadora e para o óleo de soja, a expectativa da normalização da oferta no mercado internacional, por conta de possível retomada da Argentina ao mercado de derivados, e o aumento do consumo interno podem deixar o mercado doméstico mais atrativo, limitando assim as exportações do óleo.