Home Últimas Notícias Bevap capta R$ 21 milhões com FIDC para financiar produtores rurais
Últimas Notícias

Bevap capta R$ 21 milhões com FIDC para financiar produtores rurais

Compartilhar

Fundo foi estruturado por Datagro Financial e Milenio Capital; iniciativa foi projetada para ser escalável e replicável no setor

Em meio aos juros elevados da Selic e à dificuldade de acesso ao crédito, a Bioenergética Vale do Paracatu (Bevap), usina mineira de cana-de-açúcar, levantou R$ 21 milhões na primeira rodada de captação de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC).

Os recursos serão destinados ao financiamento do plantio de cana e à manutenção das lavouras dos fornecedores com contratos ativos com a empresa, com o pagamento vinculado à entrega futura da matéria-prima que será processada pela usina.

O FIDC foi estruturado pela Datagro Financial, braço financeiro da Datagro Consultoria, em parceria com a Milenio Capital. A iniciativa tem demanda mapeada para novos desembolsos aos produtores e foi projetada para ser escalável e replicável no setor.

“Esse modelo fortalece nossa relação com os fornecedores, garantindo maior previsibilidade à operação agrícola, ao mesmo tempo em que otimiza nosso balanço e nos permite focar em nossa estratégia de crescimento”, afirma o CFO da usina, Marcos Paulo Carvalho.

Segundo a Datagro, a principal inovação deste modelo está em sua estrutura, que oferece financiamento direto aos produtores rurais.

Em vez de a usina atuar como tomadora do crédito e redistribuir os recursos, o produtor é o tomador direto, com acesso ao capital com base nos contratos de fornecimento firmados com a usina, sem a intermediação de terceiros.

“Diferentemente de outras estruturas no setor, em que a usina é a tomadora dos recursos e redistribui o capital aos seus fornecedores, neste modelo, o produtor rural é o tomador direto do financiamento, com base em contratos validados pela usina e aprovados pela política de crédito da gestora”, diz a sócia da Datagro Financial, Carolina Troster.

O modelo, afirma a executiva, proporciona aos fornecedores acesso a capital de longo prazo e permite que a usina fortaleça sua cadeia de abastecimento sem comprometer sua capacidade de investimento. Outro diferencial do FIDC é o mecanismo de liquidação atrelado ao desempenho agrícola.

O fundo permite que o pagamento seja feito diretamente pela usina, com base na produção da matéria-prima. Assim, para ela, este modelo oferece uma vantagem competitiva significativa para os produtores, permitindo-lhes acessar crédito de longo prazo com condições mais favoráveis, alinhadas ao ciclo produtivo, acredita o executivo.

“A operação não só facilita o acesso ao crédito, como também oferece prazos de pagamento mais compatíveis com a dinâmica do setor agroindustrial”, diz o CFO.

No primeiro semestre de 2025, as emissões de FIDC somaram R$ 40,7 bilhões, um aumento de 9% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Operação da Bevap

Em junho deste ano, a S&P Global Ratings, agência de classificação de risco, elevou o rating da Bevap para BBB+ na escala nacional. A perspectiva da instituição é positiva, indicando a possibilidade de uma nova elevação do rating, caso a empresa mantenha os atuais níveis de liquidez.

A melhoria no desempenho da Bevap, segundo a S&P, é atribuída à preservação de um colchão de liquidez robusto, impulsionado pela forte geração de caixa operacional e pela captação adicional de cerca de R$ 300 milhões entre dezembro de 2024 e março de 2025.

Os recursos contribuíram para alongar o perfil de vencimento das dívidas da usina. “Esperamos que a companhia continue gerenciando ativamente seus passivos, suavizando vencimentos e reduzindo as obrigações de curto prazo em relação ao caixa ao longo de 2026 e nos anos seguintes, especialmente em um cenário de guerra comercial global”, afirma o relatório da S&P.

A projeção da S&P indica um aumento de 10% na produção de cana-de-açúcar da Bevap, estimando 3,3 milhões de toneladas para a safra 2025/26, próximo da capacidade instalada de 3,5 milhões.

Como os canaviais da usina são 100% irrigados, não há risco de execução, mesmo com a previsão de clima mais seco para 2025.

O Brasil deve produzir 663,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2025/26, de acordo com projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

César H. S. Rezende

Compartilhar
Artigo Relacionado
Últimas Notícias

Preço do açúcar cristal segue estável em São Paulo, mas cai no mercado externo

Os preços do açúcar cristal branco seguiram praticamente estáveis no mercado à...

Últimas Notícias

Preço do etanol hidratado em queda, mas fatores de mercado sinalizam estabilização dos valores

O preço do etanol hidratado apresentou mais uma queda no mercado spot...