Agrícola
BP Bunge adota aplicação de vinhaça enriquecida com fertilizantes
A BP Bunge iniciou a aplicação de vinhaça enriquecida com soluções nutricionais nos seus canaviais. A vinhaça é um subproduto do processamento da cana-de-açúcar, resíduo líquido que sobra após sua destilação fracionada, e é rica em potássio, um dos nutrientes necessários para o desenvolvimento da planta.
A prática consiste no enriquecimento da vinhaça com fertilizante líquido, para completar a combinação de nutrientes necessários para o cultivo da cana. O processo é realizado por meio de uma tecnologia em sistemas de injeção personalizados – desenvolvida especialmente pela start up Drop Agricultura – para essa finalidade e permite dosar o fertilizante, armazenado em tanques cedidos em comodato pela Yara, de forma precisa e diretamente na vinhaça, para sua posterior aplicação localizada.
Com o sistema completo e em funcionamento desde a safra passada em mais de 15 usinas, em aproximadamente 30 carregamentos, os resultados positivos já são comprovados. “Podemos afirmar que consolidamos uma nova técnica de manejo que traz vantagens produtivas e redução de custos para o produtor, pois a iniciativa possibilita o uso equilibrado e assertivo de fertilizantes, e ainda traz ganhos ambientais e econômicos com o aproveitamento da vinhaça”, afirma o especialista agronômico da Yara, Thiago Moura.
Para a Drop Agricultura, a novidade é resultado do empenho das empresas em buscar soluções que atendam às necessidades dos produtores. “Nosso desafio junto a Yara era desenvolver uma tecnologia que garantisse precisão na dosagem dos fertilizantes e resolvesse a questão do armazenamento dos fertilizantes líquidos nas unidades produtivas. Para isso, buscamos entender o ambiente onde o sistema é operado e assim, foi possível desenvolvemos uma solução completa, que resolve não só o armazenamento do fertilizante no campo como garante a precisão na dosagem sem a interferência humana”, afirma o CEO da Drop Agricultura, Franz Arthur Pavlu.
A solução consiste em um sistema, onde as receitas (doses de cada fertilizante) são preparadas e enviadas diretamente para os terminais que fazem a dosagem dos produtos, garantindo assim a precisão na injeção dos insumos Yara. A startup possui unidades produtivas trabalhando com mais de 3 tipos de insumos diferentes e 120.000L de produtos armazenados. Segundo o CEO, nesta safra, novas tecnologias serão implementadas para otimizar ainda mais o processo e garantir o fornecimento do produto “just in time”.
O segmento de fertilizante líquido enriquecido com vinhaça cresce em média 20% ao ano, e com todos os desafios enfrentados pela alta dos preços e redução de insumos, alternativas como esta são cada vez mais acessadas. Um exemplo é a BP Bunge Bioenergia, que está entre as empresas líderes do setor sucroenergético, e que foi uma das pioneiras na adesão.
A BP Bunge, que começou com uma área de aproximadamente 30 mil hectares para aplicação de vinhaça localizada em 2019, hoje possui 86 mil hectares e estima um ganho em produtividade de 3 a 7 toneladas por hectare (TCH), com redução de 30% nos custos, considerando o transporte da vinhaça adubada em um raio médio de 25 km. “Números que retratam o modelo atual de manejo com foco em nutrição e, de acordo com o teor de potássio da vinhaça, que varia de unidade para unidade por causa do mix de produção”, esclarece o especialista em Irrigação e Fertirrigação da BP Bunge, Lucas Cabral. A técnica já é empregada em 9 unidades da empresa.
Com os bons resultados, o planejamento, segundo Lucas, é expandir essa forma de aplicação de vinhaça e chegar a 120 mil hectares até 2025. “O uso da vinhaça é parte estratégica do planejamento agrícola devido à sustentabilidade do produto, ganho em produtividade e menor custo”.
Além da rentabilidade, uma das principais vantagens da nova tecnologia é a sustentabilidade, afinal, a solução permite menor uso de insumos, maior eficiência na aplicação (modelo fertirrigação), otimização da operação no campo, e o aproveitamento de um subproduto do processamento da cana-de-açúcar. E este último ponto é importante, já que a prática de uso da vinhaça é classificada pelo Renovabio, programa nacional de incentivo à produção de biocombustíveis no Brasil, possibilitando que o agricultor aumente sua geração de Cbios – créditos de descarbonização –, que podem ser revertidos em nova renda para o campo.
De acordo com Moura, a iniciativa que combina tecnologia e sustentabilidade deve ganhar ainda mais força nas próximas safras, reforçando a sustentabilidade com um dos pilares Yara. “O valor da agricultura vem sendo percebido não apenas pelo quanto se produz, mas pela forma como se produz, e é nesse sentido que concentramos nossos esforços na Yara, para que as práticas mais sustentáveis sejam produtivas e recompensadas, assim seguimos esta jornada de transformação para um ciclo positivo e duradouro em toda a cadeia do alimento”, finaliza.
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