O presidente da Cargill no Brasil, Paulo Sousa, revelou em entrevista ao videocast AgLíderes, do AgFeed, que a companhia pretende expandir sua produção de etanol de milho no país. Durante a conversa, Sousa admitiu também certo arrependimento por não ter defendido antes investimentos exclusivos em unidades de processamento do cereal.
Apesar disso, o próximo aporte seguirá o modelo flex, consorciando a produção de etanol de milho à de cana-de-açúcar, com a construção de uma nova planta na usina Rio Dourado, em Cachoeira Dourada (GO). O projeto seguirá o mesmo padrão das unidades São Francisco e Quirinópolis (GO), que processam tanto cana quanto milho.
“Temos o grande desafio na parte de etanol de milho que vai ser, primeiro, atualizar um pouco a tecnologia da fábrica já existente (em Quirinópolis) e levar a planta para outra usina de cana que compõe a Cargill Bioenergia”, disse Sousa durante a Fenasucro & Agrocana, em Sertãozinho (SP).
Um ponto favorável para o investimento, segundo o executivo, é a biomassa de cana disponível na Rio Dourado, cujo bagaço gera energia elétrica suficiente para abastecer a futura planta de etanol de milho.
Embora não tenha revelado o valor do aporte, Sousa afirmou que a nova usina “mostra a direção” da política de biocombustíveis da Cargill. A companhia denominou oficialmente seu braço de biocombustíveis como Cargill Bioenergia neste ano, após concluir a compra de 50% da SJC Bioenergia, conglomerado das duas usinas de Goiás que possuía em sociedade. A operação, anunciada em abril, envolveu valores superiores a R$ 2,6 bilhões, segundo fontes.
As unidades da Cargill processam 9 milhões de toneladas de cana por safra e 2 milhões de toneladas de milho por ano, mantendo 130 mil hectares de áreas próprias e em parceria, geram 800 GWh de energia e empregam 4,6 mil pessoas.
Sobre futuras aquisições, Sousa adotou cautela. “Isso eu não posso falar. Estamos sempre de olho, acompanhamos bem próximos, mas dependemos de ter oportunidade”, disse, reforçando que a prioridade da Cargill Bioenergia continua sendo o etanol de milho, devido ao menor custo de investimento em comparação à cana.
“O uso de capital para fazer uma usina de cana é muito maior do que para uma de etanol de milho. A capacidade de produzir com menos capital é muito maior no milho, e com a taxa de juros atual, o uso eficiente do capital é mais relevante do que nunca”, explicou.
Apesar da expansão do etanol de milho, Sousa ressalta que a consolidação geográfica da cana garante a oferta do biocombustível a partir da matéria-prima tradicional.
Com informações do AGfeed