A CEO da Petrobras, Magda Chambriard, declarou que considera “muito difícil” eletrificar toda a frota do Brasil e que vê um potencial maior no mercado de carros híbridos – que ainda usam combustíveis fósseis, vendidos pela estatal.
A executiva participou do Bloomberg New Voices, evento que ocorreu em São Paulo (SP), nesta terça-feira, 2.
“Eu particularmente acredito e apostaria muito mais no híbrido plugin do que no elétrico 100%. Eu acho que nós vamos ver, no Brasil, um híbrido despontando cada vez mais porque é isso que reduz a demanda por combustível fóssil, apesar de eu adorar combustíveis fósseis”, declarou.
E completou: “Temos um país que, de Norte a Sul, é maior que a distância entre Moscou e Lisboa, assim como de Leste a Oeste. É um país imenso e que roda sobre rodas. A cesta básica do país anda sobre rodas e é muito difícil eletrificar esse país aqui”.
A executiva frisou que a matriz energética brasileira já é 52% limpa e que a estatal foi um “pilar de atingimento” desse patamar, e que continuará sendo. “Quando olhamos para 2050, nós vamos ver um país que tem que ter pelo menos 64% de renováveis na sua matriz”, frisou.
Magda Chambriard pontuou que o Brasil tem mantido compromissos ESG nesse sentido, dado que a o setor de óleo e gás é responsável por 25% das emissões de gases de efeito estufa, ao passo que no restante do mundo essa fatia ultrapassa os 60%. “Estamos avançando muito rápido na transição energética e, além disso, o nosso óleo produzido aqui emite muito pouco”, argumenta.
Acerca da guerra comercial promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a CEO da Petrobras destacou que, dado que o petróleo não foi taxado, não há impacto. Além disso, disse que os produtos seriam facilmente escoados para outros mercados em um cenário distinto – especialmente Índia e China.
“A Índia tem se apresentado para o Brasil e para a Petrobras como uma compradora de todo produto que quisermos exportar. Eu recebi autoridades indianas dizendo o seguinte: vocês estão aumentando sua produção de petróleo, vocês estão aumentando sua produção de derivados e principalmente o petróleo. Se vocês quiserem exportar, a gente compra ainda mais. A China compra de nós, a Ásia como um todo, compra de nós”, declarou.
Sobre os próximos diálogos de Brasília com a Casa Branca acerca do tarifaço, Chambriard disse que “sempre espera um acordo” e “mares mais calmos” na relação comercial. “O que eu espero de Lula é o que ele faz de melhor, que é uma boa conversa e o atingimento de bons acordos”, disse a CEO da Petrobras.
*Isto É Dinheiro/Eduardo Vargas